(Jz 9,6-15; Sl 20[21]; Mt 20,1-16)
20ª Semana do Tempo Comum.
“Por acaso não tenho
direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence?
Ou estás com inveja,
porque estou sendo bom?” Mt 20,15
“É a Parábola dos Operários da Vinha. O
patrão foi contratando em diferentes horários do dia, desde a madrugada até o
final da tarde. Na hora do pagamento, deu a todos a mesma quantia. Quem não
gostou foram os trabalhadores da primeira hora. Vendo que recebiam a mesma
coisa, resmungaram entre si. Mas não tiveram a coragem de questionar os
critérios do patrão. Ele mesmo precisou esclarecer a um deles. E alegou
diversos motivos por ele ter sido pródigo para com os últimos que tinham
chegado. Até pouco tempo atrás, esta Parábola dos Operários da Vinha
constrangia os sindicalistas cristãos. Alegavam que, na verdade mesmo, o patrão
da parábola contrariou os direitos trabalhistas, que pedem pagamento
proporcional ao trabalho feito. Portanto, a igualdade neste caso acabava
produzindo uma distorção das leis que protegem os trabalhadores. Mas como
correr do tempo, com o evoluir da consciência trabalhista, existe um critério
mais justo, a ser tomado em primeiro lugar: seja qual for o tipo de trabalho,
ou tempo gasto, o trabalhador tem direito, no mínimo, ao suficiente para o seu
digno sustento. Portanto, estava certo o patrão. Ele garantiu a todos um
salário suficiente para o digno sustento de cada um. Esta atitude pode ser
questionada. A própria legislação terá dificuldade de regulamentar este procedimento
do patrão bom, com sua consciência social mais apurada do que a dos próprios
operários. Por mais que a legislação trabalhista garanta um quadro jurídico bem
arquitetado, sempre há espaços para a generosidade do patrão e para o diálogo
entre as duas partes. Moral da história: o Evangelho tem força para iluminar as
novas questões que a realidade vai nos apresentando. Ao contrário de superado,
ele é mais ousado do que qualquer legislação trabalhista. – Senhor,
somos limitados em nossas mentalidades, que necessitamos sempre confrontar
nossos pensamentos com vosso Evangelho. À sua luz queremos caminhar na justiça
e na fraternidade. Amém!” (Dom Luís Demétrio Valentini – Meditações
para o dia a dia [2015] Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite