Quarta, 18 de agosto de 2021

(Jz 9,6-15; Sl 20[21]; Mt 20,1-16) 

20ª Semana do Tempo Comum.

“Por acaso não tenho direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence?

Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?” Mt 20,15

“É a Parábola dos Operários da Vinha. O patrão foi contratando em diferentes horários do dia, desde a madrugada até o final da tarde. Na hora do pagamento, deu a todos a mesma quantia. Quem não gostou foram os trabalhadores da primeira hora. Vendo que recebiam a mesma coisa, resmungaram entre si. Mas não tiveram a coragem de questionar os critérios do patrão. Ele mesmo precisou esclarecer a um deles. E alegou diversos motivos por ele ter sido pródigo para com os últimos que tinham chegado. Até pouco tempo atrás, esta Parábola dos Operários da Vinha constrangia os sindicalistas cristãos. Alegavam que, na verdade mesmo, o patrão da parábola contrariou os direitos trabalhistas, que pedem pagamento proporcional ao trabalho feito. Portanto, a igualdade neste caso acabava produzindo uma distorção das leis que protegem os trabalhadores. Mas como correr do tempo, com o evoluir da consciência trabalhista, existe um critério mais justo, a ser tomado em primeiro lugar: seja qual for o tipo de trabalho, ou tempo gasto, o trabalhador tem direito, no mínimo, ao suficiente para o seu digno sustento. Portanto, estava certo o patrão. Ele garantiu a todos um salário suficiente para o digno sustento de cada um. Esta atitude pode ser questionada. A própria legislação terá dificuldade de regulamentar este procedimento do patrão bom, com sua consciência social mais apurada do que a dos próprios operários. Por mais que a legislação trabalhista garanta um quadro jurídico bem arquitetado, sempre há espaços para a generosidade do patrão e para o diálogo entre as duas partes. Moral da história: o Evangelho tem força para iluminar as novas questões que a realidade vai nos apresentando. Ao contrário de superado, ele é mais ousado do que qualquer legislação trabalhista. – Senhor, somos limitados em nossas mentalidades, que necessitamos sempre confrontar nossos pensamentos com vosso Evangelho. À sua luz queremos caminhar na justiça e na fraternidade. Amém!” (Dom Luís Demétrio Valentini – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite