(Is 62,1-5; Sl 88[89]; At 13,16-17.22-25; Mt 1,18-25)
Missa da Vigília.
“Tudo isso aconteceu
para se cumprir o que o Senhor havia dito ao profeta: ‘Eis que a virgem
conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que
significa: Deus está conosco’” Mt 1,22-23.
“Hoje à noite Alguém
vai nascer. Uma virgem dará à luz do mundo a própria Luz do mundo! Um paradoxo!
Certo; mas no Natal tudo é paradoxo. É o ‘avesso do avesso’. O nascimento de um
Deus foi muito mais simples e natural do que o nascimento da maioria dos seres
humanos. Nós complicamos tudo; o Natal descomplica. Nós valorizamos a
complexidade; o Natal supervaloriza a simplicidade. Jesus quis nascer de forma
tão simples justamente para que o Natal fosse acessível a todo mundo. Se Ele
tivesse nascido num palácio, esse palácio iria inibir todas aquelas pessoas que
nunca tivessem acesso a um palácio. Se tivesse nascido numa mansão, as grades
de ferro, os muros altos, o porteiro eletrônico, os vigias, os cães iriam
inibir muita gente, inclusive aqueles pobres, que foram os primeiros a
vista-l’O. Por isso, Ele nasceu onde não havia portas, muros, grades, ou coisas
que valham. Nasceu a céu aberto, numa cocheira, à disposição de todos. Nasceu
criança frágil, pobre e carente, que não inibe ninguém. Exatamente porque Ele é
‘Emanuel, Deus conosco’. Foi colocado numa manjedoura não apenas porque não
dispunha de um berço, mas porque o seu destino era dar-se por completo, era ser
comida e manjedoura é lugar de se colocar comida. O Natal é um infinito gesto
de amor. Só entenderá sua mensagem quem entender a linguagem do amor, que será
sempre paradoxal, estúpida e ridícula para aqueles que não amam. – Senhor
Jesus, ‘tudo seria melhor se o Natal não fosse um dia...’ mas estivésseis
sempre nascendo nos corações simples, desarmado e acolhedores, como os dos
pobres pastores de Belém ou dos sábios reis do Oriente! Amém” (Ralfy Mendes
de Oliveira – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite