Segunda, 09 de dezembro de 2019


(Is 35,1-10; Sl 84[85]; Lc 5,17-26) 
2ª Semana do Advento.

“Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça o lírio” Is 35,1.

“Muitas vezes me vem uma sensação de frustração, ao ler certas descrições retumbantes da Bíblia, como esse triunfo de Jerusalém descrito em Is 35. Até parecem aquelas preparações atmosféricas ameaçadoras para uma grande chuva que termina não acontecendo. Como pode a terra árida da Palestina regozijar-se e florescer, se está sempre vergando sob o peso de algum infortúnio? Se não são babilônios, são os persas; se não são os medos, são os gregos; se não são os sírios, são os romanos... Mal sobra tempo para respirar e perguntar: ‘Até quando, Senhor? ...” (Sl 79,5). No entanto, os profetas insistem em carregar nas cores vistosas de uma restauração definitiva: ‘Alegre-se o deserto, regozije-se a estepe!’ Porém, pensando bem: tais visões são exatas. Que outra parte do mundo tem florescido mais do que a minúscula e árida Palestina? Nela ficam raízes a três grandes religiões monoteístas: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. Em seu seio foi produzido o mais famoso livro da humanidade – a Bíblia. Nela foram forjados os maiores amigos de Deus: Abraão, Moisés, Isaias, Jeremias, João Batista, Paulo de Tarso... Nela floresceu Maria, ‘a bendita entre as mulheres’. Foi nela que se deu o maior acontecimento da história universal: ‘Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite mediava o seu rápido percurso, tua Palavra lançou-se, guerreiro inexorável, do trono real dos céus para o meio de uma terra de extermínio’ (Sb 18,14-15). Aconteceu o primeiro Natal: um Deus nascia humildemente na terra árida e oprimida da minúscula Palestina. Multidões de anjos cantaram: Glória a Deus e paz aos homens. Por conseguinte: alegre-se, regozije-se e floresça! – Senhor Deus, vossa palavra é sempre ação; ela não retorna a vós sem fruto, mesmo quando as circunstâncias são adversas. Fazei que a nossa também o seja. Amém (Ralfy Mendes de Oliveira – Graças a Deus [1995] – Vozes). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite