(Is 35,1-10; Sl 84[85]; Lc 5,17-26)
2ª Semana do Advento.
“Alegre-se a terra
que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça o lírio” Is 35,1.
“Muitas vezes me vem
uma sensação de frustração, ao ler certas descrições retumbantes da Bíblia,
como esse triunfo de Jerusalém descrito em Is 35. Até parecem aquelas
preparações atmosféricas ameaçadoras para uma grande chuva que termina não
acontecendo. Como pode a terra árida da Palestina regozijar-se e florescer, se
está sempre vergando sob o peso de algum infortúnio? Se não são babilônios, são
os persas; se não são os medos, são os gregos; se não são os sírios, são os
romanos... Mal sobra tempo para respirar e perguntar: ‘Até quando, Senhor? ...”
(Sl 79,5). No entanto, os profetas insistem em carregar nas cores vistosas de
uma restauração definitiva: ‘Alegre-se o deserto, regozije-se a estepe!’ Porém,
pensando bem: tais visões são exatas. Que outra parte do mundo tem florescido
mais do que a minúscula e árida Palestina? Nela ficam raízes a três grandes
religiões monoteístas: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. Em seu seio
foi produzido o mais famoso livro da humanidade – a Bíblia. Nela foram forjados
os maiores amigos de Deus: Abraão, Moisés, Isaias, Jeremias, João Batista,
Paulo de Tarso... Nela floresceu Maria, ‘a bendita entre as mulheres’. Foi nela
que se deu o maior acontecimento da história universal: ‘Quando um silêncio
profundo envolvia todas as coisas e a noite mediava o seu rápido percurso, tua
Palavra lançou-se, guerreiro inexorável, do trono real dos céus para o meio de
uma terra de extermínio’ (Sb 18,14-15). Aconteceu o primeiro Natal: um Deus
nascia humildemente na terra árida e oprimida da minúscula Palestina. Multidões
de anjos cantaram: Glória a Deus e paz aos homens. Por conseguinte: alegre-se,
regozije-se e floresça! – Senhor Deus, vossa palavra é sempre ação; ela
não retorna a vós sem fruto, mesmo quando as circunstâncias são adversas. Fazei
que a nossa também o seja. Amém” (Ralfy Mendes de Oliveira – Graças
a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite