(Is
2,1-5; Sl 121 [122]; Rm 13,11-14a; Mt 24,37-44)
1. Iniciamos o 1º ano do ciclo
litúrgico trienal com o evangelho de Mateus. É o evangelho mais completo e por
isso aparece em primeiro na junção dos quatro evangelhos na Bíblia, mesmo não
tendo sido o 1º a ser escrito.
2. Ele nos apresenta de modo mais amplo
os ensinamentos de Cristo e dá muita atenção a relação Lei judaica e Evangelho.
Para Mateus o Evangelho é nova Lei. Salienta o primado de Pedro e usa o termo
Igreja, que não aparece nos outros evangelhos. São algumas de suas
características que veremos ao longo do ano litúrgico.
3. Os quatro domingos que
acompanharemos nessa preparação ao Natal nos convidam à vigilância e à
conversão, na espera jubilosa e perseverante de uma vinda que, se for
destrutiva no tocante à injustiça e à impiedade, será de salvação para quem
crê.
4. Essa vinda já encontrou a sua
primeira realização em Jesus: n’Ele e no seu acontecimento a salvação de Deus
já se tornou presente na nossa História e se renova em cada celebração
litúrgica. Em nossa oração assumimos uma atitude de vigilância como nos pede o
Evangelho: ‘Ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do
homem virá!’.
5. É para essa segunda vinda que também
nos chama a atenção esse tempo do Advento. A sabedoria bíblica nos diz
que devemos estar atentos aos seus sinais, assim como observamos os movimentos
da própria natureza que nos cerca. O tempo passa e vai deixando suas marcas e
nós passamos com ele.
6. O evangelho nos recorda situações
que chegam a nós de modo imprevisto; é uma constante chamada de atenção a não
vivermos uma falsa segurança, como se não nos pudesse acontecer nada de mal. No
tempo de Noé, nos diz o evangelho, as pessoas não se preocupavam com nada, mas
a catástrofe veio para todos.
7. Que podemos esperar daqui a cinco
anos ou mesmo amanhã? Não faltam profetas para vaticinarem desgraças. O dogma
fundamental da nossa fé é que tudo que acontece está nas mãos de Deus. As
coisas que acontecem não distinguem bons e maus, mas esse aspecto exterior é
uma ilusão.
8. Na realidade, tudo que nos acontece
depende da nossa relação pessoal com Deus. As águas que mataram os egípcios no
êxodo bíblico, foram as mesmas que salvaram os hebreus... O pensamento da
Bíblia é claro. Deus salvou o seu povo em meio a grandes catástrofes, como Noé
foi salvo durante o dilúvio. De fato, toda a nossa vida se desenvolve sob
o sinal do êxodo e do dilúvio, passagem e purificação.
9. Tudo que temos diante dos olhos se
perde, se vai, como a nossa vida. “Como será o amanhã? Responda quem puder. O
que irá me acontecer? O meu destino será como Deus quiser...”.
10. Quem crê conserva a certeza que
Alguém o conduz naquele caminho que o levará ao encontro definitivo com tudo e
com todos, não obstante pareça que a vida se vai perdendo.
11. A nossa vida é sob o sinal do
advento, do que virá. Cristo já veio e um dia virá, entre ambas as vindas, Ele
vem progressivamente e o encontro com Ele vai dando sentido à nossa vida.
Amém.
Pe. João Bosco Vieira Leite