Sexta, 20 de dezembro de 2019


(Is 7,10-14; Sl 23[24]; Lc 1,26-38) 
3ª Semana do Advento.

“O anjo entrou onde ela estava e disse: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!’” Lc 1,28.

“‘O anjo do Senhor anunciou a Maria que ela seria Mãe do Salvador’. Visão interior, ou intervenção efetiva de Deus se fazendo conhecer? Pouco importa: parece que a Virgem percebeu globalmente o Mistério que se abria a ela. E ela disse ‘sim’. Maria não podia dizer senão ‘sim’: imaculada, ela está na plena posse de si mesma. E a liberdade, senhora de si mesma, é consentir unicamente ao Bem. A liberdade não consiste somente em escolher entre o bem e o mal, mas em consentir aquilo que a pessoa é. A fidelidade de Maria é a expressão desta plena liberdade em conformidade com a vontade de Deus. Mas como percebeu ela essa vontade? O entusiasmo do Magnificat nos faz pensar que Maria, antes de mais nada, vê que Deus crê nela. Ninguém pode descobrir a vontade de Deus, se não crê que Deus confia nele. Deus crê em Maria, porque ele a ama por ela mesma. Ele não a utiliza como um peão para realizar o seu desígnio. Assim, ao contrário de Zacarias que duvida e perde o uso da palavra, tudo em Maria se desliga, e ela exclama: ‘O Todo-Poderoso fez por mim maravilhas!’ Ela pode assumir para si o cântico de Ana, porque ela verifica em si mesmo o que o Espírito faz brilhar: ‘Ele eleva os humildes’. Não há senão Maria que pode dizer: ‘Deus faz em mim grandes coisas’. Cada um chamado a reconhecer a ação de Deus em si: ninguém pode crer em Deus, ficando exterior a si mesmo. Deus nos é interior: nós o descobrimos através do que somos, e o que somos chamados a ser, através da própria ‘vocação’. É necessária a transparência da Virgem para aceitar e crer que Deus nos chama a realizar alguma coisa do seu Desígnio. A maneira como a Virgem ‘consente’ em ter uma vocação é para nós sinal da fé: Maria não discute, retorquindo que ela não é digna; o seu ‘sim’ a imerge no mistério ao qual ela teve de consentir na fé” (Pierre Talec – Les choses de la Foi – Centurion).

 Pe. João Bosco Vieira Leite