4º Domingo do Advento – Ano A


(Is 7,10-14; Sl 23[24]; Rm 1,1-7; Mt 1,18-24).

1. Comumente o 4º domingo do Advento é considerado um domingo de tom mariano, mas no Ano A, a pessoa de José ganha um certo destaque. Se pouco nos fala os evangelhos de Maria, muito menos nos dizem de José, mencionado apenas por Mateus e Lucas.

2. Nesse ‘anúncio’ a José, o anjo intervém diante da sua decisão de repudiar Maria em segredo, sem a denunciar. De acordo com o costume judaico, o contrato pré-estabelecido já a faz sua esposa, como enfatiza o texto por duas vezes. Assim, repudiando, ele tenta romper o compromisso matrimonial.

3. José não o faz porque desconhecia a situação de Maria, mas porque não entende o mistério que se encerra na ação de Deus, em quem Maria confiou. Ele prefere afastar-se.

4. O anjo lhe vem para confirmar a obra de Deus em Maria, mas também dizer-lhe que Deus também quer a sua colaboração nesse projeto: de ser o pai legal de Jesus, a quem porá o nome, conforme a tradição judaica.

5. Há uma clara menção ao texto de Isaías que ouvimos como 1ª leitura. Esse Emanuel (Deus conosco), está vindo de fato a nós em Jesus, cujo nome significa ‘Deus salva’. Passamos da promessa para a profecia realizada. Deus vem a nós em carne real, na nossa raça, com autêntica natureza e condição humana.

6. Assim assistimos José ser capaz de superar a prova a que sua fé é submetida e embarca nessa obscuridade luminosa do mistério de Deus e assume, de modo adulto e com plena disponibilidade o seu papel na história da salvação.

7. Nesse quadro do Advento, a figura de José, ao lado de Maria, aparece como um modelo de fé para nós, que exige certa maturidade ao entrarmos em contato, seja de modo pessoal ou comunitário, com a realidade divina.

8. Quando Ele irrompe na história humana como o Deus altíssimo e próximo em Jesus de Nazaré, o primeiro passo da fé é aceita-lo, como fez Maria e José, sem nenhuma segurança palpável.

9. Eles nos indicam esse caminho de acolhermos os planos de Deus sobre nós, com pequenos ou grandes heroísmos, numa vivência cristã ao estilo de Jesus. Um compromisso sempre maior com Deus, numa estima por sua amizade que condiciona o nosso estilo de vida seja de modo pessoal, familiar, laboral ou comunitário. 

Pe. João Bosco Vieira Leite