3º Domingo do Advento – Ano A


(Is 35,1-6a.10; Sl 145[146]; Tg 5,7-10; Mt 11,2-11).

1. A alegria que caracteriza esse 3º domingo do Advento é um convite feito pelo profeta Isaias já na 1ª leitura pela proximidade de Deus, que, segundo ele, vem fazer justiça e restaurar a vida diminuída em sua existência a partir de situações concretas. E nesse processo de espera é preciso exercitar a paciência do agricultor, nos diz Tiago.

2. Mas o que sonhou o profeta, já se realizou em Cristo Jesus, nos diz o Evangelho. É João, o Batista, que preso, ouve sobre as obras de Cristo e gostaria de esclarecer uma dúvida que traz consigo, pois também ele estava preso a uma ideia de Messias que não correspondia à ação de Jesus.

3. Os sinais que Jesus oferece não são estritamente religiosos, na relação que todo judeu tem com o templo de Jerusalém, a Lei, as observâncias, por exemplo. Mas age a partir de uma encarnação nas realidades sofredoras e limitadas do ser humano.

4. A resposta de Jesus vem nessa aplicação à Sua pessoa do que havia dito o profeta na 1ª leitura. Jesus une palavra e sinal, evangelização e libertação. Onde estes sinais acontecem, é possível perceber a presença do Reino de Deus: da graça que salva o ser humano integralmente do pecado e da degradação humana.

5. A pergunta de João Batista ainda ecoa nos nossos tempos; persiste a busca de messias e redentores. Vivemos numa sociedade que afirma a libertação do homem pelo homem, com a busca do bem-estar, do consumismo e do desenvolvimento.

6. Mas a fé cristã insiste em afirmar Jesus como único salvador do ser humano e da história humana, que se converte, pela presença de Cristo, em história de salvação. Assim, o verdadeiro crente não fica alheio aos problemas do mundo nem se resigna ao fatalismo, nem faz de sua espiritualidade uma espécie de fuga.

7. Nessa percepção da vida, do perigo dessa idolatria do poder e do dinheiro que fecham o coração ao amor e à justiça por causa do egoísmo que geram, o cristão é convidado a fortalecer o coração e ser sinal.

8. Por isso acolhemos esse convite de Tiago ao exercício de uma paciência vigilante e dinâmica. A mística de uma vigilância ativa ante as constantes vindas do Senhor nos acontecimentos e problemas da existência diária.

9. A esperança cristã não é um otimismo ingênuo nem droga alienante, mas resposta a esse desejo de felicidade que carregamos. Não dá para viver sem horizonte de futuro e sem esperança. Não esperamos só a vida eterna, mas a Vida no sentido amplo da palavra.

10. Se cremos na vida eterna, lutamos contra tudo que é morte e anula a vida, a pessoa, a dignidade e liberdade. Jesus veio mostrar que a vida presente seja realmente vida e assim possamos entender e desejar a vida do mais além que coroará a nossa fé e esperança. Amém.

 Pe. João Bosco Vieira Leite