Sábado, 14 de dezembro de 2019


(Eclo 48,1-4.9-11; Sl 79[80]; Mt 17,10-13) 
2ª Semana do Advento.

“O profeta Elias surgiu como um fogo, e sua palavra queimava como uma tocha” Is 48,1.

“Nos primeiros anos do século II a.C., um mestre sábio abriu a sua escola em Jerusalém. Escreveu para os seus alunos um texto – o livro de Ben Sirá – no final do qual colocou a sua assinatura: Jesus, filho de Sirac ‘[...] gravou neste livro uma instrução de sabedoria e de ciência, derramando como chuva a sabedoria do seu coração’ (Eclo 50,27). Para encorajar os seus discípulos a seguirem a Torá, nos últimos capítulos do livro (cc. 44-50) passou em revista os homens ilustres de Israel e propõe-no-los como modelo de fidelidade a Deus. A leitura de hoje apresenta-nos o profeta Elias. Eram dias que em Israel as culpas se multiplicavam e se cometia todo tipo de pecados (Eclo 47,24-25) quando o Senhor fez aparecer Elias como um fogo. O fogo é o elemento que caracteriza a figura de Elias, acerca do qual Ben Sirá afirma: ‘As suas palavras queimavam como um facho ardente’. Não devemos admirar-nos. A Palavra de Deus ‘é como o fogo’ (Jr 23,29). Fogo imparável que desce do céu, inflama o coração dos profetas os quais, anunciando-a ao povo, provocam um incêndio sobre a terra. O fogo da Palavra de Deus nunca é devastador, não destrói a humanidade pecadora, mas purifica-a e transforma-a. Elias é considerado pela tradição de Israel o primeiro dos profetas; com a palavra que Deus lhe tinha colocado nos lábios não aniquilou o povo mas purificou-o da corrupção social, da idolatria, do culto a Baal. Ardia de zelo pela causa do Senhor, por isso foi levado para o Céu naquele fogo que o tinha envolvido durante toda a vida. O seu desaparecimento misterioso deu origem à convicção de que ele não morrera e que um dia haveria de regressar para preparar a vinda do Messias. Segundo Ben Sirá, Elias precursor terá a missão de educar ‘os pais’ – os anciãos, as pessoas condicionadas pela tradição – a compreender ‘os filhos’ – símbolo da novidade. Prepará-los-á para reconhecerem um Messias diferente do que esperavam. A obra atribuída a Elias, o primeiro dos profetas, será realizada pelo último dos profetas do Antigo Testamento, João Batista” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Advento – Natal] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite