Terça, 12 de novembro de 2019


(Sb 2,23—3,9; Sl 33[34]; Lc 17,7-10) 
32ª Semana do Tempo Comum.

“Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca” Sl 34,2

“O Salmo 34 põe nos lábios dos pobres a bênção (berakah) que os une a Deus para sempre, e o louvor jubiloso e intenso (tehillah) que é a sua verdadeira razão de viver (vv. 2-3). O pobre enche o olhar de Deus e fica radiante, luminoso (v. 6), sabe que Deus o escuta e o salva, e convida a saborear a bondade de Deus (v. 9). Ou talvez mais do que isso. Na versão grega deste v. 9, muito utilizado no momento da comunhão, também nas liturgias de rito bizantino, lê-se: ‘Saboreai e vede que Bom é o Senhor’, em que o adjetivo ‘chrêstós’, ‘bom’, é lido na pronúncia viva: ‘christós’, o que a resultar, na atualização cristã: ‘Saboreai e vede que Cristo é o Senhor’. Belo e saboroso, sem dúvida. Deus segue sempre o pobre de perto, cerca-o de amor (v.8), protege até os seus ossos para não serem quebrados (v. 21), tal como é dito do cordeiro pascal, o mais alto símbolo da libertação. No seu ‘Caminho de perfeição’, Santa Teresa de Ávila deixa-nos, talvez, um dos mais belos e incisivos discursos sobre a pobreza: ‘A pobreza é um bem que contém em si todos os bens do mundo; ela confere um império imenso, torna-nos verdadeiramente donos de todos os bens cá de baixo desde o momento em que os faz cair aos pés’. E São Francisco de Assis, no ‘Pequeno Testamento’, ditado em Siena, à pressa, a Frei Benedetto da Prato, aí por abril ou maio de 1226, poucos meses antes da sua morte, ocorrida a 3 de outubro desse mesmo ano, recomenda aos seus irmãos que amem sempre nossa senhora, a santa pobreza” (D. Antônio Couto – Quando ele nos abre as Escrituras – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite