Sexta, 15 de novembro de 2019


(Sb 13,1-9; Sl 18A[19]; Lc 17,26-37) 
32ª Semana do Tempo Comum.

“O mesmo acontecerá no dia em que o Filho do homem for revelado” Lc 17,30.

“Quando falamos do ‘futuro de Jesus Cristo’ entendemos aquilo que geralmente é designado como ‘Parusia de Cristo’ ou ‘Retorno de Cristo’. O termo ‘parusia’ não significa propriamente o retorno de alguém que se afastou, mas ‘chegada iminente’. ‘Parusia’ também pode significar ‘presença’, não uma presença que amanhã passou, mas uma presença a que se deve estar presente hoje e amanhã, a ‘presença do que vem a nós, por assim dizer um futuro que vem chegando’. A Parusia de Cristo é algo diferente de uma realidade experimentada e dada neste instante. Sempre traz algo de novo em comparação com o que é experimentado agora. Por isso, não é totalmente separada da realidade que agora é experimentada e deve ser vivida, mas age como futuro realmente ausente através das esperanças que suscita, fazendo nascer resistência ao presente. O ‘eschaton’ da Parusia de Cristo através da promessa escatológica torna histórico qualquer presente experimentado, pela ruptura com o passado e pela irrupção do futuro... A esperança cristã espera do futuro de Cristo não só a manifestação, o descobrimento, mas também o cumprimento final e perfeito. Aquilo que através da Cruz e da Ressurreição de Cristo foi prometido para os seus e para o mundo deve ser finalmente cumprido. O que traz, então, o futuro de Cristo? Não simples repetição nem simples manifestação de sua história, mas alguma coisa que até agora não aconteceu com Cristo. A esperança cristã não se orienta para outro a não ser para o Cristo já vindo, mas dele ela espera algo de novo, algo que até agora não aconteceu: espera o cumprimento e a realização da justiça de Deus prometida em todas as coisas, espera o cumprimento e a realização da ressurreição dos mortos, prometida em sua própria Ressurreição, o cumprimento e a realização do senhorio do Crucificado sobre tudo e que foi prometido na sua exaltação... Se os cristãos conhecem o Redentor e esperam pelo futuro da redenção em seu nome, então a irredenção deste mundo de morte não é para eles um mundo de aparências sem importância, à maneira platônica, onde o que importa é simplesmente a demonstração e a manifestação da redenção já operada. É certo que o Alfa e o Ômega são a mesma coisa no que se refere à pessoa: ‘Eu sou o Alfa e o Ômega’ (Ap 1,8). Mas não são a mesma coisa no que se refere à realidade do evento, pois ainda ‘ainda não apareceu o que seremos’ (1Jo 3,2), e ‘o primeiro’ ainda não passou, nem ‘tudo’ já se tronou novo. Portanto, é necessário esperar do futuro algo de novo. Entretanto, se este futuro é esperado como o ‘futuro de Jesus Cristo’, ele não é esperado de alguém novo ou diferente. Aquilo que o futuro traz se tornou, através do evento  crístico da ressurreição do Crucificado, ‘de uma vez para sempre’ possível de ser esperado com confiança. A fé em Jesus como o Cristo não é o fim da esperança, mas a certeza da esperança (Hb 11,1). A fé em Cristo é o ‘prius’, mas a esperança detém o primado” (J. Moltmann – Teologia da Esperança – Ed. Herder).    

  Pe. João Bosco Vieira Leite