Quinta, 21 de novembro de 2019


(Zc 2,14-17; Lc 1; Mt 12,46-50) 
Apresentação de Nossa Senhora.

“Jesus perguntou àquele que tinha falado: ‘Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?’” Mt 12,46-50.

“O evangelho de Mt 12,46-50 proposto pelo Lecionário para a memória do dia 21 de novembro, sugere a perspectiva justa para olharmos a pessoa de Maria, captando-lhe a tônica que caracterizou sua vida inteira, ou seja, a vocação a ser a ouvinte atenta e a serva jubilosa da palavra de Deus feita carne. Se à primeira vista o texto de Mateus pudesse causar suspeita de que Jesus tenha querido ignorar a sua mãe e seus parentes (“A tua mãe, os teus irmãos e as tuas irmãs estão lá fora e te procuram” [...] “Quem é minha mãe e meus irmãos?”), uma consideração mais atenta, em vez, nos ajuda a compreender que o discurso de Jesus ultrapassa intencionalmente o parentesco da carne para proclamar unicamente o de quem escuta e cumpre a vontade de Deus. Não ficamos sabendo qual foi a reação ou a interpretação dos ouvintes com relação às palavras de Jesus: ‘Eis a minha mãe e os meus irmãos! Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe’. Como sempre, é bem provável que muitos não entenderam, outros equivocaram, poucos compreenderam ‘o mistério’. Tem-se a impressão de ver Maria, a Mãe, abaixar a cabeça e velar o rosto com discrição: não porém para esconder a vergonha por não ser recebida pelo Filho, mas antes porque tornou-se mais intensa para ela, ao ouvir aquelas palavras, a lembrança da Anunciação, quando a sua extraordinária maternidade começou a existir justamente pela sua disponibilidade de fé a ‘cumprir a vontade de Deus’. Maria certamente não equivocou as palavras de Jesus, mas sentiu-as como confirmação da bem-aventurança que Isabel lhe dirigiu (Lc 1,45), bem-aventurança que preenche de indizível grandeza a sua humilde vida. Esta convicção é expressa também pela Igreja que, na aclamação ao evangelho, chave para sua interpretação, canta: cumpriu-se em ti a palavra do Senhor’”  (Corrado Maggioni – Maria na Igreja em Oração – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite