Sexta, 6 de setembro de 2019


(Cl 1,15-20; Sl 99[100]; Lc 5,33-39) 
22ª Semana do Tempo Comum.

“Ele existe antes de todas as coisas e todas têm nele a sua consistência” Cl 1,17.

“O Jesus Redentor – que muitos cristãos contemporâneos de Paulo tinham visto andando sobre a terra como um peregrino humilde sem lá grande valor, tanto que foi pendurado numa cruz – é aqui descrito na sua natureza infinita. Por isso, tais palavras soam como um hino de louvor, como o êxtase alcançado após se ter pela consciência da grandeza divina que o Filho com o Pai compartilha deste os tempos que não têm começo. E o maravilhoso e também relevante para nós é que essa infinitude, completude e abarcabilidade está ligada a sua obra redentora em relação a nós, pois Deus não precisa de nós: ele é o Criador, nós as criaturas; ele não está sujeito ao tempo, nós estamos comprimidos no espaço de poucos anos. Mesmo assim, porém, Cristo Jesus se vincula a nossas pessoas e faz de nós praticamente o objetivo de todo o seu próprio Ser. É uma inversão de valores e de perspectiva. É um verdadeiro paradoxo. Em outra passagem, ele próprio chega a declarar que a sua glória era o sacrifício da cruz. Não, não era a tentação do diabo, que lhe oferecia todas as honras do mundo ou a espetacular honra de ser seguro pelos anjos, que o movia a estar no mundo. Era tão somente a cruz, a dor, a vergonha, a humilhação – e tudo isso relacionado com a nossa pessoa e a nossa culpa. E por que isso? Porque esse Deus, incompreensível aos nossos olhos, cujo poder se manifesta nos turbilhões deste mundo e nos trilhões e trilhões de estrelas do universo, um Deus cuja face e vontade não podemos perceber, é o mesmo Deus que se revela como Deus do amor, como o Deus que é Pai e cuida dos seus filhos sacrificando seu Filho maior para nos dar a redenção. – Jesus, teu nome soa tão doce para nós que nem podemos suspeitar da tua tão grande e infinita glória, muito menos da infinita natureza da tua pessoa. Apesar da cruz, tudo subsiste em ti e Tu és o começo de tudo. Amém” (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).    

 Pe. João Bosco Vieira Leite