Sábado, 14 de setembro de 2019


(Nm 21,4-9 (ou Fl 2,6-11); Sl 77[78]; Jo 3,13-17) 
Exaltação da Santa Cruz.

“Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente, assim é necessário que o Filho do homem seja levantado, para que todos que nele crerem tenham a vida eterna” Jo 3,14-15.

“No capítulo 2, João nos demonstrou em duas imagens a transformação operada no ser humano pela encarnação e pela morte e Ressurreição de Jesus. Na passagem 3,14-21, João desenvolve uma teologia acerca da nossa salvação e redenção por Jesus Cristo. No versículo 14s está com os olhos fixos na morte de Jesus. Ele explica o levantamento de Jesus na cruz pela referência à história da serpente de bronze do Antigo Testamento, que é narrada no Livro dos Números 21,1-9. Quando o povo se pôs novamente a murmurar contra Deus, este enviou serpentes venenosas, de cuja picada muitos israelitas morreram. Moisés se dirigiu então a Deus, intercedendo pelo povo. E Javé respondeu: ‘Manda fazer uma serpente abrasadora e fixa-a numa haste: todo aquele que for mordido e olhar para ela, terá sua vida salva’ (Nm 21,8). A serpente é um símbolo importante em todos os povos. Por um lado, simboliza uma ameaça ao ser humano, por causa da picada venenosa. Ela representa todos aqueles sentimentos peçonhentos e amargos que fazem mal à alma. Muitas vezes a serpente é também um símbolo sexual. Por causa da troca de pele, é também uma imagem da renovação do homem. No judaísmo era vista como símbolo do pecado, porque foi a serpente que seduziu Eva. Mas, ao mesmo tempo, era também um símbolo da inteligência. Em muitos povos, é símbolo do poder curador de Deus. Como aquela serpente de bronze, Jesus é levantado e pregado na haste da cruz. Quem olhar para esse Jesus na cruz será curado de suas feridas. Para João, Jesus é médico divino que está ferido e pendurado na cruz. Entre os gregos acreditava-se no princípio de que só o médico ferido era capaz de curar. Asclépio, o deus grego da cura, é sempre representado com uma cobra enroscada num bastão. Na cruz, Jesus satisfaz o desejo dos gregos pela cura. Na cruz se manifesta a ferida mais profunda que nos ameaça, a ferida da morte. Se olharmos para Jesus, seremos curados dela e de todas as demais feridas que a vida nos causa, da amargura e dos sentimentos peçonhentos que surgem dentro de nós quando somos rejeitados e magoados. A serpente que muda a pele remete à renovação do homem. Jesus na cruz é para João a verdadeira renovação da existência humana. Aí morre o velho eu. E aparece o homem novo nascido de Deus”  (Anselm Grun – Jesus: Porta para a Vida – Loyola). 

Pe. João Bosco Vieira Leite