22ª Semana do Tempo Comum.
“Inclinando-se sobre
ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou.
Imediatamente, ela se
levantou e começou a servi-los” Lc 4,39.
“Depois da expulsão
do demônio em 4,33-37, Lucas descreve como Jesus cura a sogra de Pedro. Ele se
inclina sobre ela, para chegar bem perto, comunicando-lhe algo do seu espírito.
Nesse gesto Lucas mostra o carinho com que Jesus se aproxima da mulher
doente. E ao gesto ele acrescenta uma palavra. Jesus repreende a febre. Ele
personifica a febre que tomou conta da mulher, e manda-a sair dele. E a mulher
fica sã, no mesmo instante. Levanta-se e cuida de Jesus. Depois da cura de um
homem, Lucas conta logo a cura de uma mulher. Para ele é sempre importante que
homens e mulheres apareçam juntos, como tendo os mesmos direitos. Isso ele já
mostrou na fala inicial de Jesus em Nazaré, lembrando tanto o sírio Naamã como
a viúva de Sarepta, dois exemplos de pessoas curadas pelos profetas. Em
seguida, Lucas conta sobre a atuação de Jesus como médico. ‘O bondoso Messias
assume as tarefas de médico helenista’ (Bovon, p. 225). Jesus é descrito de tal
maneira que os gregos possam entende-lo e amá-lo. Ele cura todos de suas enfermidades,
impõe-lhes as mãos e comunica-lhes o Espírito e a força de Deus, que os
restabelecem e lhes restituem a forma original. Jesus, porém, não cura apenas
pelo contato, mas também pela sua palavra, pela sua doutrina, ensinando a
todos, como fazia a terapia grega, a ‘arte de viver sadiamente’. Como o médico
descrito por Sócrates no Górgias, Jesus, então, tem de prescrever às vezes
algum remédio amargo, que à primeira vista não convém ao doente. Para Lucas, as
palavras de Jesus são palavra que levam o ser humano à salvação, e o conduzem à
sua verdadeira essência. Jesus como médico e terapeuta, eis uma imagem de Jesus
que interessa às pessoas de hoje, pois saúde é o que todos desejam
ansiosamente” (Anselm Grun – Jesus, modelo de ser humano –
Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite