(1Tm 1,1-2.12-14; Sl 15[16]; Lc 6,39-42)
23ª Semana do Tempo Comum.
“Um discípulo não é
maior do que o mestre; todo discípulo bem formado será como o mestre” Lc 6,40.
“O mestre, na
tradição oriental, não era um simples repassador de conhecimento. Era, como
sugere a palavra ‘oriental’, um orientador para a vida, um guia, um mestre,
enfim, para a pessoa sob os seus cuidados. Em razão, pois, dessa superioridade
moral e espiritual, o mestre verdadeiro jamais seria superado; poderia, quando
muito, ser igualado. Essas palavras têm como autor o próprio Jesus. Por isso,
perguntamos: O que Ele queria dizer com elas já que Ele, como o Mestre por designação,
não poderia ser superado e nem mesmo igualado? Haveria um ponto em que nós
cristãos, seguidores dele, poderíamos nos igualar a Ele, ou seria essa
colocação uma fantástica e inflacionada presunção da nossa parte? Se olharmos
para nossas fraquezas e limitações, especialmente para o nosso ‘velho homem’,
ou seja, a natureza corrompida que adere em nós, vamos dizer que sim! Sim! E
por que? Porque o ‘velho homem’ nunca se acha totalmente corrompido, sempre se
achando muito melhor do que realmente é. O exemplo mais perfeito é o próprio
diabo, que se transmuta em Lúcifer, o portador da luz. O nosso ‘velho homem’
traz novidades surpreendentes! Por outro lado, se olharmos para o ‘novo homem’,
a nova natureza criada em nós pelo poder do Espírito, talvez digamos novamente
‘sim’, um ‘sim’ meio envergonhado, muito hesitante, mas sempre confiante na
graça de Cristo e na constante iluminação do Espírito Santo, porque desse modo,
como pequenos cristos, poderemos exalar a sabedoria do Mestre. – Senhor
Jesus, longe de nós querermos nos igualar a ti. No entanto, como seres
restabelecidos pela graça na comunhão com o Pai, andamos sempre nas pontas dos
pés, sentindo a necessidade de alcançarmos as alturas dos teus pensamentos para
trazermos à terra e mostra-los aos demais pecadores. Amém” (Martinho
Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2015] –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite