26º Domingo do Tempo Comum – Ano C


(Am 6,1a.4-7; Sl 145[146]; 1Tm 6,11-16; Lc 16,19-31).

1. A voz de Amós retorna nesse domingo. Se anteriormente ele condenava a corrupção, as injustiças sociais e a segurança ilusória dos ritos sagrados, hoje ele se mostra bastante severo com os chefes e às pessoas notáveis, causadores da ruina da nação. Como castigo, serão os primeiros a ser levados para o Exílio.

2. Entre a ameaça do início e o Juízo Final está contida tragicamente a desconcertante irresponsabilidade dos nobres e dos chefes do povo. Em contraste a tudo isso está o rosto misericordioso de Deus que faz justiça aos pobres que aparece em nosso salmo e nos prepara ao evangelho.

3. Concluímos a leitura da 1ª Carta a Timóteo com as exortações paulinas ao seu dileto discípulo, convidando-o a fugir de tudo aquilo que não constrói um verdadeiro homem de Deus. Para isso deve cultivar as virtudes que o ajudarão no combate da fé que trava para conquistar a vida eterna. Paulo faz sua exortação de modo firme e convincente da necessidade de um posicionamento na vida cristã.

4. As mensagens das parábolas não são condicionadas pelo tempo. Elas conservam uma surpreendente atualidade. Assim, retomamos a reflexão sobre a realidade da pobreza e da riqueza não compartilhada. Ainda que Deus seja capaz de inverter a sorte de uns e outros, isso não significa da nossa parte não fazer nada.

5. Mais uma parábola que só encontramos em Lucas, com ela, Jesus nos adverte do engano escondido nos bens deste mundo, usados egoística e irresponsavelmente. Mais uma vez ele afirma do perigo de colocarmos nossa confiança nas riquezas. Elas não nos podem salvar.

6. Assim Lucas nos narra um clássico de todos os tempos, que se repete de modo cruel em todos os cantos do mundo: um rico orgulhoso e esbanjador que não presta atenção ao próximo. Do outro lado temos o pobre e faminto Lázaro. Entre os dois existe uma distância incomensurável, um abismo que os atinge até na eternidade.

7. Lucas exemplifica aqui essa inversão total do projeto divino sobre o mundo já anunciado por Maria no Magnificat e em outras parábolas. O rico se dá conta da absoluta vaidade e corrupção da sua vida passada, tanto iníqua como frágil, incapaz de salvar a sua vida e a do próximo.

8. A riqueza pode fascinar e enganar; a única coisa capaz de nos libertar é a Palavra de Deus, pois ilumina e transforma o coração para nos revelar o verdadeiro sentido dos bens desse mundo.

9. Sabemos da atualidade desta página, às vezes muito próxima de nós; sabemos da acumulação indevida e escandalosa de riquezas por parte de poucos perante uma pobreza generalizada e trágica que coloca sempre em crise as relações de convivência entre indivíduos e nações.

10. Aqui também somos lembrados da necessidade de “lançar pontes sobre os abismos que nos separam antes que se tornem precipícios de falta de comunicação e de conflitos irreparáveis” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).

11. O pobre, em sua insegurança só tem o Senhor, mas enquanto ele não estiver de modo pleno em Deus, não podemos descuidar de nossa solidariedade, e de nossa luta, pela compreensão que temos da finalidade dos bens terrenos.       

Pe. João Bosco Vieira Leite