(Eclo 35,1-15; Sl 49[50]; Mc 10,28-31)
8ª Semana do Tempo Comum.
“Começou Pedro a
dizer a Jesus: ‘Eis que nós deixamos tudo e te seguimos’” Mc 10,28.
“Em resposta a essas
palavras de Jesus sobre a riqueza, Pedro reage de maneira bastante presunçosa:
‘Deixamos tudo para seguir-te’ (10,28). Jesus promete então a todos aqueles que
tenham deixado tudo para trás que receberão já agora cem vezes mais. Os
discípulos abandonaram suas famílias e seus bens, para acompanhar Jesus em suas
andanças pelo país e para anunciar a Boa-nova depois de sua morte e
ressurreição. No meu entender, deixar para trás a casa significa separar-me
constantemente do ambiente que criei para mim e no qual me sinto bem. Não posso
criar um lar definitivo para mim aqui na terra. Preciso deixar de lado o aconchego
exterior, para encontra meu lugar em Deus. Aí então me sentirei em casa em
qualquer lugar. Soltar-me dos irmãos e irmãs, dos amigos e das amigas é uma
condição necessária para fruir cada nova comunidade que me é dada. É necessário
deixar pai e mãe para que possa distanciar-me das vozes interiores de pai e
mãe, porque só assim poderei viver a minha própria vida, reconhecendo inclusive
as raízes positivas que o pai e a mãe me oferecem. As crianças são a imagem
daquilo que cresce dentro de mim, do fruto de minha vida. Mas preciso deixar
para trás também aquilo que cresceu dentro de mim, para que o novo possa
amadurecer. Os campos de que Jesus fala representam os bens. Precisamos
distanciar-nos das riquezas, para podermos usufruir agradecidos àquilo que Deus
nos deu. Só quem for capaz de abdicar das coisas poderá desfrutá-las. Tudo o
que Deus nos dá neste mundo nos é dado em meio a perseguições e com as ressalvas
deste mundo. Podemos perde-lo. Não somos capazes de segurá-lo. Há uma promessa
atrás de tudo que associamos, pai e mãe, filhos e campos, mas essa promessa só
será resgatada definitivamente no céu. Lá estaremos em casa para sempre, lá
experimentaremos plenamente a comunidade” (Anselm Grun – Jesus,
Caminho para a Liberdade– Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite