Segunda, 04 de março de 2019


(Eclo 17,20-28; Sl 31[32]; Mc 10,17-27) 
8ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus olhou para ele com amor e disse: ‘Só uma coisa te falta: vai, vende tudo que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me’” Mc 10,21.

“O episódio do jovem rico acabou provocando apreensão entre os discípulos. Ele continua escandalizando também muitos leitores atuais, porque parece exigir que vendamos tudo que possuímos para poder seguir Jesus. Mas a intenção de Marcos não é estabelecer uma norma que nos diga quanto podemos ter ou que deveríamos vender. O que ele pretende mostrar com a narração desse encontro pessoal de um jovem com Jesus é que, no caminho do seguimento, os discípulos precisam livrar-se em seu íntimo de todo apego. O jovem está vivendo corretamente. Está cumprindo todos os mandamentos. Jesus olha para ele e se afeiçoa dele, pois percebe que tem vocação para coisas maiores, que vão além da observância dos mandamentos de Deus. ‘Só te falta uma coisa; vai; o que tens, vende-o, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me’ (10,21). Jesus percebe as potencialidades desse jovem. Por isso gostaria de estimular as forças que estão dentro dele. Seu desafio é também um incentivo. Vender as posses não é uma norma que se aplica a todos os que querem seguir Jesus. Certamente, Jesus pretende chamar esse homem para o caminho que poderá realizar suas verdadeiras possibilidades e capacidades. O rico ficaria realmente livre se vendesse seus bens. Para outros seguidores de Jesus, não é dos bens que eles devem desfazer-se; o que os atrapalha pode ser igualmente o próprio sucesso, sua própria imagem de Deus, a imagem de si mesmo, suas concepções de vida, seus hábitos, seus relacionamentos. Quem ler essa história do encontro de Jesus e o jovem deverá expor-se também ao olhar perscrutador de Jesus. Quando me aproximo de Jesus com tudo que possuo, oferecendo-lhe o meu coração, hei de descobrir o que me impede de viver. A que estou me agarrando? Às vezes é um padrão de vida que me compromete, mas que mesmo assim não quero largar, porque sei o que ele significa para mim. Se o abandonasse não saberia o que vem depois. O desconhecido dá medo. E esse medo me cerceia, impede minha liberdade. No jovem do evangelho, o medo foi maior que o desejo da vida eterna, da verdadeira vida. Por isso, ele se afastou com tristeza. O episódio está aí para me advertir: não devo ficar triste e ir embora, devo separar-me daquilo que me amarra. Assim experimentarei a liberdade e a amplidão no seguimento de Jesus” (Anselm Grun – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).  

 Pe. João Bosco Vieira Leite