(Is 58,9-14; Sl 85[86]; Lc 5,27-32).
“Eu não vim para
chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão” Lc 5,32.
“Após o chamado dos
primeiros discípulos, escolhidos por Jesus dentre homens do mar para
transformá-los em pescadores de homens, chegou a vez de um publicano, que um
dia se sentará no banco, não para exigir impostos, e sim para escrever o
primeiro evangelho. Trata-se de um chamado de Jesus a Mateus, o cobrador de
impostos, discriminado por isso mesmo, pelo trabalho que exercia. Jesus se
apresenta como um grande médico em amorosa visita a seus doentes, e como alguém
que veio chamar os pecadores à conversão, à penitência. Quem está são não
procura médico. Mas de Jesus todos têm necessidade, porque todos são pecadores,
doentes. O chamado à conversão, portanto, é dirigido, na pessoa do publicano
Mateus, a cada um de nós! E este chamado será sempre uma iniciativa do próprio
Deus. Ele sempre se antecipa, chega antes. O ser humano deve apenas aceitar e
pôr-se no seguimento de Jesus. E neste ‘apenas’ está em jogo toda a sua vida.
Deve ele, cada um de nós, abandonar seus caminhos para seguir o de Deus. O
pecado que alguém possa ter cometido não constitui obstáculo, porque Jesus
perdoa os pecados. Mas é necessário que o ser humano reconheça o próprio
pecado, reconheça estar em caminho errado, e que é preciso levantar-se e deixar
tudo para começar uma vida nova. Sem este ‘levantar’, enquanto permanecer
preso, agarrado ao banco da própria vida, às suas posses, não experimentará a
vida nova que o chamado do Senhor oferece. E como pode o cristão manifestar
externamente ter aceito uma nova vida? Mostrando-se compassivo para com todos
os que são pobres, feridos, oprimidos, preocupando-se pela salvação de todos. A
santificação do cristão não consiste, como acreditavam escribas e fariseus (e
ainda hoje tantos!), em viver longe dos pecadores, mas em oferecer a salvação,
o próprio Jesus, a todos. – Senhor, Tu és nosso médico e salvador.
Apesar de frágeis, seu chamado dirige-se a cada um de nós. Custa-nos logo
levantar e deixar tudo, como Mateus. Mas se Tu me chamas, quero te seguir.
Eis-me aqui! Amém” (Magda Brasileiro – Meditações para o
dia a dia [2015] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite