(2Sm 7,4-5.12-14.16; Sl 88[89]; Rm 4,13.16-18.22; Mt 1,16.18-21.24)
São
José, esposo de Maria e padroeiro da Igreja.
“José, seu marido,
era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria em segredo” Mt 1,19.
“’Maria, qual é o
drama que eu vejo em ti? Eu não compreendo... Parte em segredo, sem demora! Não
te havia eu recebido dos padres, sem mancha,/ do Templo do Senhor... e que vejo
eu?’ (De um tropário de Natal). A resposta a esta interrogação angustiada de
José vem logo. É a profecia de Miqueias (5,4): ‘E tu, Belém, terra de Judá, é
de ti que vai sair Aquele que deve reinar’... ‘Seu nascimento é desde as
origens, desde os dias da eternidade’. José é transformado pelo que o
ultrapassa, onde ele pensa ver uma lesão à sua honra. Pior ainda: a alta ideia
que ela fazia da sua noiva, educada na castidade e no respeito da missão da
mulher, esta ideia agora lhe parece falsa. É para José um desmoronamento não só
efetivo e moral, mas ainda uma provação espiritual. A ferida sentimental aguça
nele a dor da decepção religiosa. Tentado em suas crenças pelo sobrenatural,
José se deixa abater. Contudo, como ele é sábio e bom, não quer maltratar. Resolve
somente afastar a mãe que não é sua mulher. Os que são chocados pelo fato que a
Igreja mencione hoje este doloroso abandono de José à dúvida, devem lembrar-se
de outras tentações e outras dúvidas, inclusive mesmo em João Batista, no
apóstolo Pedro, que entretanto sabia porque tinha visto, mesmo em Jesus, em
Getsemâni, que entretanto era Deus. Lembrem-se também da narrativa evangélica,
proclama a Liturgia. Quando José teria concebido esse desígnio, ‘um repúdio em
segredo’, foi preciso um Anjo para lhe trazer a paz: ‘José, não temas tomar
Maria contigo... o que nela foi gerado procede do Espírito Santo’. Em todos
esses mistérios litúrgico, as reações humanas têm seu papel, num diálogo que
exprime a nossa simpatia espiritual para com os seus atores: ‘dize-nos, José: a
moça que recebeste no Templo,/ como a levas hoje, grávida, para Belém?/
Investiguei o problema e recebi o anúncio evangélico;/ adquiri a fé que Maria
vai dar à luz a Deus/ duma forma inefável’(Tropario de Terça do Natal)”. (C.
Andronikov – Que drama em ti! – Editora Beneditina
Ltda.)
Pe. João Bosco Vieira Leite