2º Domingo da Quaresma – Ano C


(Gn 15,5-12.17-18; Sl 26[27]; Fl 3,17—4,1; Lc 9,28b-36)

1. A fé em Deus, tema que percorria os textos do domingo anterior, retorna hoje sob esse da confiança que teve Abraão em Deus. Confiar simplesmente porque Deus é fiel.  A desafiadora experiência de Abraão nos coloca em alerta sobre o tipo de relação que temos com Deus.

2. Paulo se propõe como exemplo de fé aos seus leitores, ao tempo em que pede que se mantenham firmes no Senhor, em outras palavras: confiar mais em Cristo do que em si mesmo, deixar que a Sua graça trabalhe em nós.

3. A fé em Deus, que serve de base para nossa luta contra toda tentação, tem em Jesus sua expressão mais clara, por isso, a experiência do Tabor convida-nos a direcionar o olhar para Jesus, escutar Sua voz.

4. Moisés e Elias aí aparecem como que solidários a Jesus. Eles foram exemplo de fidelidade a Deus, ao mesmo tempo que sofreram incompreensões por parte do povo. Com Jesus não será diferente.

5. A sonolência dos discípulos não lhes permite captar todo o sentido da experiência, só depois conseguirão compreender o mistério da Cruz que atravessa a vida de Jesus tanto quanto a glória que lhe estava reservada.

6. Se Abraão é o ‘nosso pai na fé’, Jesus é o autor e consumador da fé. Tanto Abraão como Jesus foram postos à prova; ambos souberam aceitar a vontade de Deus, mesmo quando lhes foi pedido o sacrifício supremo. E aqui entendemos a relação entre os dois textos.

7. Mas diferentemente de Abraão, Jesus nos leva a uma experiência de profunda comunhão com Deus, de participação na vida divina, no exercício da realização da Sua vontade em nossa vida. Ele será sempre o modelo a ser imitado na adesão a essa vontade divina mediante a confiança, o amor e a obediência.

8. “Tudo isso nos ajuda a aprofundar a nossa compreensão da fé. O que é que significa e comporta viver a fé? A fé não se reduz a memorizar para se possuir algumas afirmações enunciadas autorizadamente pelos pastores da Igreja. Mais profundamente, ela é o estabelecimento de uma relação profunda com o Deus que se nos revelou em Jesus Cristo. Uma relação marcada pela confiança total, que faz com que coloquemos nas mãos do Senhor toda a nossa vida sem reservas” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma – Páscoa] – Paulus).     

 Pe. João Bosco Vieira Leite