4º Domingo da Quaresma – Ano C

(Js 5,9a.10-12; Sl 33[34]; 2Cor 5,17-21; Lc 15. 1-3.11-32)
1. Enquanto a celebração no seu todo nos convida a alegrar-nos pela proximidade da Festa da Páscoa, a liturgia da Palavra inicia com a memória da celebração da Páscoa na entrada da terra prometida, uma referência à pascoa do Egito e ao mesmo tempo de gratidão a Deus que os trouxe até aqui, referendado pelo salmo que segue.

2. Numas poucas vezes, a 2ª leitura tem mais a ver com o evangelho que a primeira. Paulo nos fala da reconciliação nossa com Deus que se dá em Cristo Jesus, que assumiu a nossa condição, sofrendo as nossas culpas em sua solidariedade.

3. Paulo é porta voz dessa oferta de reconciliação que em Jesus Deus nos traz, acolher essa proposta é encaminhar-se para a condição de nova criatura, de um novo tempo, como veremos na parábola que se segue.

4. A liturgia nos conserva os versículos iniciais do capítulo 15 de Lucas para que tenhamos presente os motivos de tal parábola contada por Jesus, deixando claro a possibilidade do reencontro ou do desencontro com Deus a partir dessa nova dinâmica apresentada por Jesus.

5. É certo que o filho mais novo não é aqui o protagonista, mas é ele que nos permite conhecer os sentimentos do pai e do irmão mais velho, para entendermos o Deus de Jesus e que posição ocupamos em sua presença.

6. O texto permite perceber como o pecado destrói a nossa relação com Deus, com os outros e o mal gerado a si mesmo. Jesus não tira a razão dos que O criticam, mas revela-lhes quem Deus em Sua essência e como age para conosco.

7. Com a palavra ‘compaixão’, se descreve a emoção interior que move esse pai e se mistura a uma alegria indescritível que o faz agir de maneira rápida, sem julgamentos, porque ama. Mesmo que o nosso coração nos recrimine, dirá João em sua 1ª Carta, diante de Deus devemos permanecer sem temor. Onde há amor não há temor.

8. O que não quer dizer permanecer no pecado. A reconciliação com Deus deve nos levar a uma comunhão sempre maior com Ele e com o outro. E que sejamos capazes de imitar a sua misericórdia, como ouviremos em outras parábolas.

9. Se Paulo nos convida a essa reconciliação com Deus, ela nos faz seus embaixadores, que desejemos também nós esse retorno de todos à comunhão com Deus.

10. “E isto também numa sociedade cada vez menos fraterna e cada vez mais orientada para uma concorrência que premeia os fortes mas também os mais abusadores, cada vez mais determinada pela meritocracia, que condena à marginalização os socialmente débeis e, sob a aparência de legalidade, esconde na realidade a injustiça do privilégio e a vergonha da corrupção” (Giuseppe Casarin –Lecionário Comentado [Quaresma – Páscoa] – Paulus).  

Pe. João Bosco Vieira Leite