Segunda, 25 de março de 2019


(Is 7,10-14;8,10; Sl 39[40]; Hb 10,4-10; Lc 1,26-38) 
Anunciação do Senhor.

“Pois bem, o próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel” Is 7,14.

“Na cena da Anunciação, Maria é chamada ‘virgem’. E o nascimento de Jesus é descrito como nascimento virginal. Para interpretar isso, os exegetas e os teólogos já conjeturaram muita coisa. O tema de um santo que vem a este mundo por um nascimento virginal era conhecido tanto em círculos judaicos como em tradições helenistas e egípcias. [...] Lucas, pois, empregou de um lado tradições judaicas, de outro respondeu também às aspirações dos gregos. Com sua narrativa da Anunciação ele soube tornar compreensível a virgindade da mãe do Messias, a grandeza do Messias como Filho de Deus, a sua realeza eterna e a sua geração pelo Espírito Santo [...]. Ele apanhou as diversas correntes religiosas e, com essas tradições como pano de fundo, formulou a mensagem do mistério de Jesus de tal maneira que pessoas de todas as culturas religiosas pudessem entender que, em Jesus, Deus lhes havia concedido. Lucas, porém, combina esses temas mitológicos com o tema humano da fé confiante, descrita por ele em Maria. Maria se deixa convencer pelo anjo. Ela se assusta, sim, com a maneira como o anjo a trata, mas não se fecha; ela reflete sobre aquilo que o anjo, afinal, quer dizer. O anjo lhe anuncia que ela conceberá um filho, que será chamado ‘Filho do Altíssimo’. No judaísmo helenístico gostava-se de chamar a Deus de ‘Altíssimo’. O anjo explica a Maria como a Conceição há de acontecer: ‘O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra (Lc 1,35). O próprio Espírito Santo há de fecundar essa virgem. Isso não apenas esclarecesse o nascimento virginal de Jesus, mas é também uma imagem para nossa vida. O fruto mais preciosos que possamos produzir não vem de nós mesmos, e não vem tampouco da fecundação por outra pessoa - ele é gerado pelo Espírito Santo. Assim Maria, a mulher que crê, é o modelo dos cristãos. Também em nós Deus quer criar algo novo por seu santo Espírito. Não podemos ter de nós mesmos uma ideia pequena demais. Como Maria, devemos confiar que Deus pode efetuar grandes coisas em nós, e de dentro de nós. ‘Pois para Deus nada é impossível’ (Lc 1,37). Nisto consiste a fé verdadeira: que não coloquemos limites a Deus. Para Deus nada é impossível. Também a nós escolhe exatamente na nossa fraqueza e na nossa limitação, a fim de executar, por meio de nós, sua obra de salvação e de cura neste mundo. O Cristo quer tomar forma também em nós. Mas o pressuposto é que digamos, como Maria: ‘Eis o(a) servo(a) do Senhor; aconteça comigo conforme disseste’ (Lc 1,38)” (Anselm Grun – Jesus modelo do ser humano – Loyola).     

Pe. João Bosco Vieira Leite