(Jr 17,5-10; Sl 01; Lc 16,19-31)
2ª Semana da Quaresma.
“Mas Abraão lhe
disse: ‘Se não escutam a Moisés nem aos profetas, eles não creditarão, mesmo que alguém
ressuscite dos mortos’” Lc 16,31.
“Um homem rico e um
pobre à sua porta: duas figuras que expressam contrastes fortes e
significativos de uma vida. Um rico que se baqueteia todos os dias, que vive em
uma mansão, que se veste de roupas finas, que é rodeado de amigos; o outro,
pobre, que espera as migalhas caídas de uma mesa, que vive à porta de outrem,
que se cobre de farrapos e tem por amigo apenas um cão que lhe lambe as
feridas... A vida do rico está vazia de compaixão e cheia de indiferença. Não
lhe importa que tenha como vizinho um pobre maltrapilho e faminto, um Lázaro
que é ‘aquele a quem Deus ajuda’. Jesus quer mostrar, a seus ouvintes e a nós,
que a Deus pertence a última palavra sobre os pobres. Eles que são sempre
excluídos e ignorados na vida, têm de Deus a recompensa feliz: ‘Bem-aventurados
os pobres porque deles é o Reino dos Céus’ (Lc 6,20). Cerrar os olhos diante
dos pobres e necessitados, fechar-se no pecado da indiferença e da falta de
sensibilidade é o grande erro do rico. Ele ignorou a Lázaro; não o maltratou
com palavras, nem ordenou aos guardas e vigias que o expulsassem da sua porta.
Simplesmente fez dele um ‘joão-ninguém’, evitou-o, deu-lhe a morte em vida. A
falta de sensibilidade e a indiferença que se alastram hoje no mundo têm
produzido as mais diversas formas de dores e mortes. São os pobres que clamam
por água e alimento, os enfermos de Aids que esperam os tratamentos necessários
para que tenham saúde, os jovens que buscam educação e trabalho para se
sentirem atores da sociedade, a natureza que clama e geme em dores de parto...
e que fazem os ricos, os poderosos, as nações que exercem a hegemonia política
e econômica do mundo? Pouco ou quase nada... Fecham-se na solidão do seu poder,
na sua indiferença e na falta de sensibilidade. – Senhor, liberta-nos
do pecado da indiferença e da falta de sensibilidade!” (Magda
Brasileiro – Meditações para o dia a dia [2015] –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite