Quinta-feira depois das Cinzas - 07 de março de 2019


(Dt 30,15-20; Sl 01; Lc 9,22-25).

“Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro se se perde e se destrói a si mesmo?”
Lc 9,25.

“Para quem quer caminhar com Ele, o chamamento de Cristo é radical: pede para se ‘renunciar’ a si mesmo. Trata-se de renunciar àquela parte de si mesmo que vai contra a vida de Cristo e seus ensinamentos. Com o versículo bíblico de hoje, percebemos que a perda de si não é pedida por Jesus. É, acima de tudo, um convite a realizar-se, seguindo-o verdadeiramente. Não com uma atitude preguiçosa e sem fervor, mas apenas com todo o coração e com toda a força é que o discípulo poderá seguir o caminho do mestre. A cruz que Jesus aqui nos fala – tudo aquilo que é difícil para mim, que me causa sofrimento, que se apresenta para mim como um desafio, tarefa, trabalho! – é a cruz do ‘dia após dia’, que cada um é chamado a carregar. Jesus sabe que os seus discípulos deverão encarar provas e dificuldades. Ele encoraja-os a enfrentar o desafio, a darem-se sem medo de sofrer pelo Evangelho e a encontrar, assim, uma vida em plenitude. Aqui não se trata de ganhar o mundo inteiro nem de conquistas exteriores. Trata-se da vida que se ganha com Jesus, quando cada pessoa ganha a si própria. Na verdade, se caminhamos na senda de Cristo, é inevitável que tenhamos que ir contra a corrente e, em certos momentos, tenhamo-nos que nos tornar num ‘sinal de contradição’ na sociedade. Por medo de perder o posto ou pela segurança, será que vamos virar as costas aos diferentes obstáculos ou vamos avançar com confiança, com audácia e com a entrega de nós mesmos? É verdade que o seu chamamento é exigente. Mas aquele que se entrega por causa de Cristo e do Evangelho, a alegria e a recompensa prometidas ser-lhe-ão oferecidas cem vezes mais (Mc 10,28-30).  – Contigo, Senhor, quero carregar minha cruz. Mas, em meu querer, quero o seu querer. Não o meu querer, mas a tua vontade. Em seu caminho, passo oposições e perseguições; pode ser mesmo necessária a renúncia ao meu próprio eu, aos meus afetos, ao desejo de agradar. Entretanto, contigo, Senhor, perder é encontrar. Amém” (Magda Brasileiro – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite