(Dn 9,4-10; Sl 78[79]; Lc 6,36-38)
2ª Semana da Quaresma.
“Não julgueis e não
sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados”
Lc 6,37
“Considerado como ‘o
evangelista da misericórdia’, Lucas nos apresenta uma síntese perfeita do que é
ser cristão/cristã, seguindo os passos de Jesus. Jesus não traz novas leis para
que as cumpramos: ele coloca diante de nós uma nova maneira de ser, de entender
e de viver a vida, de relacionar-nos com os bens, com o poder, mas
principalmente sugere uma maneira nova de nos relacionarmos com os outros. E,
um dos primeiros passos para um novo relacionamento com as pessoas, é não nos
deixar impressionar pelos modelos que a sociedade atual nos apresenta, para não
nos deixarmos levar pelas aparências, abraçando aquele ou aquela que chega até
nós, na sua diferença. As primeiras comunidades cristãs levaram bem a sério
esta orientação de Jesus, buscando aplicar esta maneira de ser na vida
cotidiana. A dureza nos julgamentos fere frontalmente o projeto de Jesus que
quer, antes de tudo, misericórdia e compaixão, com quem quer que seja,
colocando estas atitudes como pilares do relacionamento, abrindo o caminho para
a beleza do perdão. Não estamos livres de cair nesta tentação de julgar os
outros, colocando-nos como juízes dos demais, desejando fazer da nossa maneira
de ser um padrão para os demais. Na sequência do texto de Lucas encontramos uma
dica importante: ‘Por que reparas no argueiro que está na vista do teu irmão e
não reparas na trave que está na tua própria vista?’ (Lc 6,41). Olhemos para
nós mesmos! Quem sabe, não estará aí a razão de sermos tão afeitos aos
julgamentos, para esconder os nossos defeitos, as nossas debilidades e a nossa
incoerência? – Ensina-me, Senhor, a sua maneira de se relacionar com o
outro, de devolver-lhe a autoestima, de abrir-se ao acolhimento desinteressado
e gratuito, de olhar a todos com os olhos de Deus mesmo” (Martinho
Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite