(Dt 26,4-10; Sl 90[91]; Rm 10,8-13; Lc 4,1-13).
1. Nesses primeiros passos de nossa
caminhada quaresmal a liturgia nos leva de encontro a uma profissão de fé feita
por um Israel já instalado. Ele insere sua fé na história do seu povo. Renova a
sua fé porque sabe do perigo de esquecê-la.
2. O salmo se insere numa recordação da
ação de Deus, mas ao mesmo tempo nos convida a colocar-nos sob sua proteção,
numa atitude de confiança d’Aquele que escuta as nossas preces e nos livra dos
perigos. Assim nossos passos podem avançar.
3. A fé cristã também se insere num
contexto narrativo que reconhece a ação de Deus a nosso favor através de Jesus
Cristo. Mesmo professando a cada domingo a nossa fé, sabemos que ela se dá de
modo real e honesto em nosso coração. É a partir dele que a nossa existência é
orientada em suas convicções, desejos, decisões e ações.
4. Paulo se coloca nessa mesma esteira
de confiança em Deus, que nos deu Jesus, Senhor e inspirador do caminhar na fé.
5. Toda essa breve reflexão sobre a fé
de Israel e a fé cristã nos prepara ao evangelho. As tentações a que se submete
Jesus dizem respeito a nossa confiança em Deus em meio as astúcias políticas, a
idolatria reinante, a servir-se de Deus, mais que confiar-se a Ele.
6. Logo após o seu batismo, reconhecido
em sua filiação divina, Jesus é conduzido ao deserto, o mesmo lugar em que
Israel experimentou a providência divina e as tentações de uma confiança muitas
vezes frágil. Jesus toma consciência, ou é levado, a uma decisão radical de
confiar em Deus.
7. O alvo das três tentações é
justamente a sua relação com o Pai. E aqui somos ‘despertados’, na experiência
do passado, para o nosso ‘hoje’, em nossa relação com Deus. No ‘deserto do
mundo’ viver e testemunhar a fé vai ficando cada vez mais difícil. E as
tentações são muitas.
8. O tempo da quaresma nos vem como um
auxílio, preparando-nos para a renovação do nosso batismo. Sabemos que a
tentação se torna mais forte e presente por causa da fraqueza de nossa fé e vai
se materializando em muitas situações no meio em que vivemos.
9. Há o perigo de perdermos nossa
identidade enquanto cristãos, de colocarmos nossa confiança em outra coisa, e
não em Deus, de nos fecharmos, tentando nos proteger e perder de vista essa
qualidade de ser fermento na massa, segundo Jesus.
10. Contemplando a Jesus em seu
deserto, lembremos a sua fidelidade absoluta a Deus e também à sua missão.
Sejamos capazes de um olhar sincero sobre as tentações que nos cercam e com que
determinação nós estamos lutando.
Pe. João Bosco Vieira Leite