Terça, 18 de setembro de 2018


(1Cor 12,12-14.27-31; Sl 99[100]; Lc 7,11-17) 
24ª Semana do Tempo Comum.

“Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único; e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade a acompanhava. Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse:
‘Não chores!’” Lc 7,12-13

“A ressurreição do jovem de Naim, narrada no Evangelho, é um sinal que nos manifesta a compaixão, a proximidade eficaz de Jesus de quem sofre, de quem se encontra perante a morte. Em Naim, o Mestre deu o sinal de que diante d’Ele a morte perde o seu poder. A morte começará a ser vencida definitivamente no Calvário, quando Jesus transformar num ato de amor, e na manhã de Páscoa, quando com a Ressurreição entrar num mundo novo, a que todos somos chamados a participar, sendo chamados e restituídos a uma vida plena e definitiva, porque é definitiva, porque é divina; como o Mestre restituiu o jovem à mãe, assim com a ressurreição todos os nossos vínculos de amor serão reforçados num modo perfeito. Com a visita que Ele nos fez, Jesus liberta-nos do nosso maior inimigo, a morte, mas Ele realiza esta libertação pagando um grande preço: eliminará o poder da morte tomando-a sobre Si. O filho único e sua mãe viúva são uma antecipação do que Jesus e Maria irão sentir: também Ele é o filho único, também sua Mãe vê-lo-á morrer e O acompanhará à sepultura. O Pai, porém, não O deixará prisioneiro da morte, mas restitui-lo-á em plenitude de vida à Mãe, e Ela, no dia da ressurreição, recebê-lo-á como num segundo nascimento. O amor de Jesus, que aceita morrer pelos irmãos, é fonte de vida para todos nós, homens e mulheres a caminho da morte física, mas graças a Cristo a caminho da ressurreição e da vida definitiva. Até a chegada de Jesus, a morte era entendida como uma realidade odiosa que causava medo e angústia, à qual o homem se opunha durante toda a vida. A sabedoria filosófica tinha-a entendido como uma realidade inevitável que o homem deve aceitar com paz e dignidade, ou como uma mestra severa e sábia que ensina o mistério da vida, a caducidade e a relatividade das coisas: a sabedoria filosófica via na morte uma advertência à vigilância, à autodisciplina e à avaliação sábia do tempo. Desde quando Jesus tocou sem medo no caixão do jovem de Naim, a morte adquiriu outro sentido: tronou-se o momento em que o Filho se associou particularmente a nós e nós fomos unidos a Ele. Jesus veio libertar-nos do medo da morte, não aumenta-lo com o remorso ou com a angústia pelos nossos limites. Unidos a Jesus podemos viver a morrer oferecendo-nos ao Pai. Esta união começa no Batismo é reforçada nos sacramentos, especialmente na Eucaristia” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite