(1Cor 12,12-14.27-31; Sl 99[100]; Lc 7,11-17)
24ª Semana do Tempo
Comum.
“Quando chegou à
porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único; e sua mãe era viúva.
Grande multidão da cidade a acompanhava. Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão
para com ela e lhe disse:
‘Não chores!’” Lc 7,12-13
“A ressurreição do
jovem de Naim, narrada no Evangelho, é um sinal que nos manifesta a compaixão,
a proximidade eficaz de Jesus de quem sofre, de quem se encontra perante a
morte. Em Naim, o Mestre deu o sinal de que diante d’Ele a morte perde o seu
poder. A morte começará a ser vencida definitivamente no Calvário, quando Jesus
transformar num ato de amor, e na manhã de Páscoa, quando com a Ressurreição
entrar num mundo novo, a que todos somos chamados a participar, sendo chamados
e restituídos a uma vida plena e definitiva, porque é definitiva, porque é
divina; como o Mestre restituiu o jovem à mãe, assim com a ressurreição todos
os nossos vínculos de amor serão reforçados num modo perfeito. Com a visita que
Ele nos fez, Jesus liberta-nos do nosso maior inimigo, a morte, mas Ele realiza
esta libertação pagando um grande preço: eliminará o poder da morte tomando-a
sobre Si. O filho único e sua mãe viúva são uma antecipação do que Jesus e
Maria irão sentir: também Ele é o filho único, também sua Mãe vê-lo-á morrer e
O acompanhará à sepultura. O Pai, porém, não O deixará prisioneiro da morte,
mas restitui-lo-á em plenitude de vida à Mãe, e Ela, no dia da ressurreição,
recebê-lo-á como num segundo nascimento. O amor de Jesus, que aceita morrer
pelos irmãos, é fonte de vida para todos nós, homens e mulheres a caminho da
morte física, mas graças a Cristo a caminho da ressurreição e da vida
definitiva. Até a chegada de Jesus, a morte era entendida como uma realidade
odiosa que causava medo e angústia, à qual o homem se opunha durante toda a
vida. A sabedoria filosófica tinha-a entendido como uma realidade inevitável
que o homem deve aceitar com paz e dignidade, ou como uma mestra severa e sábia
que ensina o mistério da vida, a caducidade e a relatividade das coisas: a sabedoria
filosófica via na morte uma advertência à vigilância, à autodisciplina e à
avaliação sábia do tempo. Desde quando Jesus tocou sem medo no caixão do jovem
de Naim, a morte adquiriu outro sentido: tronou-se o momento em que o Filho se
associou particularmente a nós e nós fomos unidos a Ele. Jesus veio
libertar-nos do medo da morte, não aumenta-lo com o remorso ou com a angústia
pelos nossos limites. Unidos a Jesus podemos viver a morrer oferecendo-nos ao
Pai. Esta união começa no Batismo é reforçada nos sacramentos, especialmente na
Eucaristia” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado –
Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite