Quinta, 6 de setembro de 2018


(1Cor 3,18-23; Lc 23[24]; Lc 5,1-11) 
22ª Semana do Tempo Comum.

“Simão respondeu: ‘Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas em atenção à tua palavra, vou lançar as redes’” Lc 5,5.

Mar adentro!, diz-nos Jesus. Não fiques nesse fracasso. Regressa ao ponto de partida! Recomeça! O segredo de todos os progressos e de todas as vitórias está, na verdade em saber recomeçar, em tirar ensinamentos de um fracasso e depois tentar de novo. Recomeçar, mas não para reproduzir quedas passadas e inúteis. Recomeçar, evitando os erros e corrigindo as imperfeições anteriores, para fazer melhor, para avançar mais profundamente, para ir mais longe. Mar adentro! O gênio é uma longa paciência, o que não significa uma espera inútil, mas um esforço que se retoma sempre e se melhora sem cessar. O cientista refaz os seus cálculos e renova as suas experiências, modificando-as até acertar com o objeto de sua pesquisa. O escritor retoca vinte vezes a sua obra. O escultor quebra um após outro os seus moldes enquanto não consegue exprimir a sua criação interior. Para obter o esmalte que pretende, Bernard Palissy recomeça indefinidamente os seus cozimentos. É pobre e não tem madeira para alimentar o forno, mas lança nele os móveis e até o assoalho da sua casa... é lógico que deparamos com esta lei quando se trata de criações espirituais. Se o artista somente chega a ser senhor do seu instrumento depois de anos de exercício pacientemente recomeçado, podermos nós adquirir o domínio de nós mesmos a não ser pela repetição de esforços, num grau de dificuldade cada vez maior? O autor da Imitação de Cristo indica a verdadeira causa da mediocridade moral a que frequentemente nos condenamos: o medo das dificuldades ou o cansaço da luta. Um defeito só se corrige quando se luta sem tréguas e o combate nos cansa. Só progredimos numa virtude quando a todo o momento superamos novas dificuldades, muito embora a nossa natureza ame o fácil. E, no entanto, quereríamos ser perfeitos... Quereríamos...! Eis o funesto condicional dos inconstantes. Os que triunfam são os que só conjugam o verbo ‘querer’ no presente. Eu quero os meios porque quero o fim. Eu quero sempre, ainda que o resultado tarde em ser obtido. Eu quero sempre, ainda que os resultados sejam insignificantes, nulos ou mesmo adversos. ‘É preciso menos tempo que coragem para fazer um santo’ (Olivaint)” (Georges Chevrot - Simão Pedro – Quadrante).

 Pe. João Bosco Vieira Leite