22º Domingo do Tempo Comum – ano B


(Dt 4,1-2.6-8; Sl 14[15]; Tg 1,17-18.21b-22.27; Mc 7,1-8.14-15.21-23)

1. Nesse mês da Bíblia, a palavra desse domingo faz menção ao valor de se guardar e observar a Palavra divina, que na 1ª leitura se traduz pela Lei dada por Deus a seu povo através de Moisés. Observá-la é sinal de sabedoria e inteligência.

2. O texto traz algumas recomendações: nada deve ser acrescentado ou retirado, venha da invenção humana ou da dificuldade de acolher algumas de suas prescrições. Talvez o perigo maior seja fazer passar por vontade de Deus aquilo que é meramente vontade humana, que Jesus combate de modo contínuo no evangelho.

3. Para além de qualquer outra atividade humana que as nossas comunidades cristãs possam desenvolver, elas têm que compreender que seu maior valor está na vivência da Palavra de Deus; para isso é necessário um ouvido atento.

4. A partir desse domingo acolheremos alguns conselhos práticos do apóstolo Tiago. Também ele nos fala da Palavra. Nela fomos gerados. A ela devemos acolher com docilidade para se permitir ser moldado e viver a Palavra que aqui se traduz na prática da caridade para com os mais necessitados.

5. Retomamos a nossa leitura do evangelho de Marcos no capítulo 7 que trata das purificações no meio judaico, não tanto como medidas higiênicas, mas prescrições rituais que tinham como fim evitar qualquer tipo de impureza nas relações com o sagrado.

6. Essas prescrições passam a ter o mesmo peso da Palavra divina e a se tornar um ritual externo sem tocar o coração. A Jesus incomodava a importância que tais ritos possuíam em detrimento dos mandamentos divinos. Para ele era uma farsa religiosa, pois negligenciam o mais importante: as relações com o próximo.

7. O que parece ser algo do passado, permanece como uma tentação constante na vida cristã. O cumprimento de certas normas bem definidas pode gerar a sensação do dever cumprido e até gerar crédito diante de Deus.

8. A liberdade religiosa ensinada por Jesus exige do homem tão somente uma atenção às realidades que estão ao seu redor e lhe desafiam na busca de entender o que Deus espera dele. A parábola do Bom Samaritano é um desses inquietantes exemplos de Jesus de como agir.

9. O amor não pode ser contabilizado. Os mandamentos são setas indicativas e as tradições humanas exigem constantes reavaliações de acordo não só com a Palavra, mas com o momento histórico em que vivemos.

10. A impureza de que devemos nos acautelar é a de ordem moral, que Jesus aqui elenca e que devemos nos examinar. A preocupação de Jesus é com o ser humano em suas relações; se há uma purificação a ser feita, é aquela que examina a consciência para verificar os sentimentos que cultivamos em relação aos outros.

Pe. João Bosco Vieira Leite