(Dn 7,9-10.13-14; Sl 137[138]; Jo 1,47-51)
Santos Anjos
Miguel, Gabriel e Rafael.
“Jesus viu Natanael,
que vinha para ele, e comentou: ‘Aí vem um israelita de verdade, um homem sem
falsidade’” Jo 1,47.
“Natanael não era
exatamente um homem simplório. Podia ser até simples, mas tinha espírito
crítico, investigativo. Por isso, ao ouvir de Filipe o convite para ver o
Messias, filho de José, da Galileia, repentinamente pergunta: ‘Será que desse
lugarzinho pode sair alguma coisa boa?’ Tinha razão em perguntar. Grandes
personalidades, via de regra, não aparecem no vácuo de famílias inexpressivas
habitando lugarejos meio que perdido no mapa. E o Messias, anunciado pelos
profetas, deveria, segundo ele, nascer de uma família de ponta habitando
palácios em Jerusalém. Mas de Nazaré? Filho de José, um reles carpinteiro?
Natanael também não era uma pessoa que se destacasse por alguma qualidade
superior. Era um judeu como outro qualquer. Fazia seu trabalho, cuidava da
família e, como tantos outros da Palestina, esperava que o Messias logo viesse
para libertar o povo das mãos dos romanos. De qualquer forma, ele foi, vencendo
o preconceito pessoal, renovado a esperança. Por isso também o elogio de Jesus:
‘Aqui está um verdadeiro israelita em quem não há maldade’. Natanael (= Deus
tem dado) serve de exemplo. Também somos chamados e convidados a toda
hora e muitas vezes damos crédito a alguém pela sua origem e titulação. O
‘carteiraço’, em algumas circunstâncias, funciona mais que argumentos. Em outras
ocasiões, negamos por não haver as pretensas qualificações. Mas, como Natanael,
devemos ir, devemos examinar. Ali, onde menos se espera, pode achar-se o
Messias, o Cristo. – Senhor Jesus, achamos-te na Palavra que dás a nós
constantemente mesmo sem o apoio das estruturas grandiosas. Tira do nosso
coração a maldade e a malícia para te vermos tanto na manjedoura como na cruz.
Amém. (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia (2015)
– Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite