Sábado, 29 de setembro de 2018


(Dn 7,9-10.13-14; Sl 137[138]; Jo 1,47-51) 
Santos Anjos Miguel, Gabriel e Rafael.

“Jesus viu Natanael, que vinha para ele, e comentou: ‘Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade’” Jo 1,47.

“Natanael não era exatamente um homem simplório. Podia ser até simples, mas tinha espírito crítico, investigativo. Por isso, ao ouvir de Filipe o convite para ver o Messias, filho de José, da Galileia, repentinamente pergunta: ‘Será que desse lugarzinho pode sair alguma coisa boa?’ Tinha razão em perguntar. Grandes personalidades, via de regra, não aparecem no vácuo de famílias inexpressivas habitando lugarejos meio que perdido no mapa. E o Messias, anunciado pelos profetas, deveria, segundo ele, nascer de uma família de ponta habitando palácios em Jerusalém. Mas de Nazaré? Filho de José, um reles carpinteiro? Natanael também não era uma pessoa que se destacasse por alguma qualidade superior. Era um judeu como outro qualquer. Fazia seu trabalho, cuidava da família e, como tantos outros da Palestina, esperava que o Messias logo viesse para libertar o povo das mãos dos romanos. De qualquer forma, ele foi, vencendo o preconceito pessoal, renovado a esperança. Por isso também o elogio de Jesus: ‘Aqui está um verdadeiro israelita em quem não há maldade’. Natanael (= Deus tem dado) serve de exemplo. Também  somos chamados e convidados a toda hora e muitas vezes damos crédito a alguém pela sua origem e titulação. O ‘carteiraço’, em algumas circunstâncias, funciona mais que argumentos. Em outras ocasiões, negamos por não haver as pretensas qualificações. Mas, como Natanael, devemos ir, devemos examinar. Ali, onde menos se espera, pode achar-se o Messias, o Cristo.  – Senhor Jesus, achamos-te na Palavra que dás a nós constantemente mesmo sem o apoio das estruturas grandiosas. Tira do nosso coração a maldade e a malícia para te vermos tanto na manjedoura como na cruz. Amém.  (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia (2015) – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite