(Is 35,4-7; Sl 145[146]; Tg 21-5; Mc 7,31-37)
1. “Abre-te”, é o forte apelo que Jesus
faz em sua palavra libertadora para nós, necessitados de recuperar a capacidade
de ouvir, escutar, prestar atenção. Um convite a abrir-se a mensagem de Cristo.
2. Assim a palavra do profeta se dirige
ao povo no cativeiro através dessa forte imagem da superação dos limites
físicos, de uma renovação da natureza, para não perderem a esperança e
avançarem. Essa palavra também foi tomada como imagem do Messias futuro, que
segundo Marcos, se realiza em Jesus.
3. A missão de Jesus segue adiante na
ação dos homens e mulheres que levam esperança, que ajudam na superação dos
limites, na solidariedade humana.
4. As divisões gritantes da sociedade
de sempre não devem se fazer presente nas comunidades cristãs, adverte Tiago,
independente de posses ou posição social, todos devem ser tratados da mesma
forma; ainda que particular atenção se deva dar ao pobre; aqui sob várias
nuances.
5. Mas o grande desafio não está tanto
na comunidade cristã, mas no modo como vivemos lá fora nossas relações e nossas
lutas de poder e influência, por exemplo. A experiência comunitária deveria
iluminar nosso agir lá fora.
6. De modo incomum Jesus age para com
esse homem que tem dificuldade de audição, chamando a nossa atenção. Mas para
além dos detalhes pitorescos apreciados naquele tempo, busquemos a intenção do
autor.
7. A sua incapacidade de ouvir lhe
rouba a possibilidade de escutar a Palavra de Deus, para Marcos essa é uma
limitação significativa, pois não pode aderir à fé. Jesus inaugura um tempo
novo de diálogo entre o céu e a terra, e a todos é possibilitado conhecer a
vontade de Deus, corrigir o caminho.
8. Por vezes nos fazemos de surdos,
seja na escuta de Deus ou do próximo. Por isso também nos fazemos mudos,
dificultando o diálogo que enriquece as relações e possibilita o encontro.
Marcos crê que a palavra de Jesus pode curar essa surdez e esse mutismo
instalado entre nós.
9. Há algo do batismo em nossa
narrativa. Ainda hoje permanece como opcional o gesto do sacerdote tocar o
ouvido da criança ou adulto que está sendo batizado convidando-o a abrir-se e
se deixar conduzir nesse conhecimento de Jesus por aqueles que acreditam. Por
sua vez, também deverá testemunhar Aquele em que passou a crer.
10. A multidão dá voz à comunidade de
fé que se alegra por mais alguém que se deixar iluminar por Cristo e que agora
faz parte dos que se deixam guiar por sua Palavra. Que esse mês da Bíblia nos
recorde e reacenda a necessidade de uma escuta atenta da Palavra, para o nosso
bem e dos que caminham conosco.
Pe.
João Bosco Vieira Leite