Quarta, 26 de setembro de 2018


(Pr 30,5-9; Sl 118[119]; Lc 9,1-6) 
25ª Semana do Tempo Comum.

“E disse-lhes: ‘Não leveis nada para o caminho: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem mesmo duas túnicas’” Lc 6,3.

“É mais do que evidente que Jesus se refere aqui ao preparo para a Grande Viagem. Procura mostrar como ela será muito mais suave para aqueles que conseguiram desapegar-se de tudo o que é terreno. Temos assistido à passagem de vários irmãos e dois fatos nunca sairão da mente. Estivemos presentes à agonia de duas criaturas, profundamente religiosas, em vida. Uma era, no entanto, muito agarrada aos seus pertences, trazendo trancados todos os seus armários. A outra era uma pessoa completamente depreendida. A primeira teve uma agonia lenta e dolorosa, suplicando para que não a deixassem morrer. A segunda descansou tranquilamente, consciente do que se passava. Naqueles dois momentos, pudemos compreender que a passagem era difícil para o primeiro irmão porque ele tinha muita bagagem. Isto pesa e dói. Enquanto o segundo não levava ‘cajado nem sacola, nem pão nem dinheiro, nem mesmo uma muda de roupa a mais’. Assim, estava leve e tranquilo. Nada o prendia aqui. Seus olhos e seu coração já estavam namorando a outra vida. Por isso, alegre e grato. A hora da morte é uma hora muito especial. É um momento de profunda solidão. Porque ninguém pode morrer por nós e nem carregar as nossas culpas... Estamos, frente a frente, conosco mesmos. Podemos ter passado toda a vida fugindo da nossa verdade, mas, neste instante, não podemos evita-la. Somos nós e nossa consciência. Se, neste instante, já difícil, por sua natureza, quando estamos nos despedindo de nossos companheiros de jornada e preparando-nos para o ‘nascimento’ ou mergulho em outra dimensão, estivemos carregando ‘entulhos’, tudo fica bem mais difícil”. – Jesus, permitai que, no momento em que devemos atravessar a ponte que liga os dois mundos, estejamos leves e prontos para a grande jornada. Abençoai-nos e perdoai-nos. Amém. (Maria Luiza Silveira Teles – Graças a Deus (1995) – Vozes). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite