(Mq 5,1-4; Sl 70[71]; 12[13]; Mt 1,1-16.18-23)
Natividade de Nossa
Senhora.
“Sois meu apoio desde
antes que nascesse, desde o seio maternal, o meu amparo: para vós meu louvor
eternamente!” Sl 71,6.
“O nascimento de
Maria é celebrado por causa do nascimento de Cristo. Nela se cumpre o desígnio
da salvação que perpassou a descendência dos filhos de Davi, filho de Abraão,
conforme o relato da genealogia e nascimento de Cristo que se escuta no
evangelho de Mt 1,1-16.18-23. Mediante a lista dos nomes (três grupos de sete
dinastias), o evangelista não pretende simplesmente elencar os antepassados do
Messias; ele quer sobretudo apresentar a interpretação teológica da história de
Israel, ou seja, mostrar a continuidade da ligação histórica de Deus com os
homens. No último anel da corrente, o esquema constantemente repetido ‘de pai
para filho’, interrompe-se: ‘Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu
Jesus, chamado Cristo’. Desse modo chama-se a atenção sobre um fato novo: a
presença do mistério, a geração ‘do alto’. É fato conhecido como a exegese
patrística tenha interpretado em sentido mariano o versículo do salmo
responsorial: ‘De Sião se dirá: ‘um e outro nela nasceu’’ (da ‘Filha de Sião’
nasceu Cristo, Deus e homem). O trecho evangélico continua, de fato, inserindo
a descrição da Mãe no mistério do Filho: ‘A origem de Jesus Cristo foi assim:
Maria, sua mãe, comprometida em casamento com José’. Terminando, enfim, com a
citação do oráculo de Isaias sobre a Virgem que conceberá a dará à luz o
Emanuel (cf. Is 7,14), o evangelho orienta para Cristo a celebração da
Natividade de Maria, saudada na oração depois da comunhão como ‘esperança e
aurora de salvação para o mundo inteiro’. O nascimento da Mãe é, portanto, um
‘mistério’ que deve ser celebrado, visto que pertence ao ‘mistério do Filho’.
Coloca-o em evidência o oráculo de Mq 5,1-4a referente a Belém, escolhido como
primeira leitura por causa daquele que ali nascerá, ‘quando a mãe der à luz’
para ser o Senhor de Israel e o pacificador universal. A eterna eleição de
Cristo, de fato, leva consigo a eleição de sua Mãe: veja a leitura alternativa
de Rm 8,28-30. O único desígnio salvífico decretado no segredo da Trindade
inclui na encarnação do Filho também o nascimento da Virgem” (Corrado
Maggioni – Maria na Igreja em oração – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite