(1Cor 15,1-11; Sl 117[118]; Lc 7,36-50)
24ª Semana do Tempo
Comum.
“Então, Jesus
virou-se para a mulher e disse a Simão: ‘Estás vendo esta mulher?’...” Lc 7,44a.
“Na narrativa dos
Evangelhos a respeito da noite que Jesus passou na casa do fariseu Simão, há
uma frase em especial que gosto muitíssimo. Você se lembra de que a refeição é
interrompida quando uma prostituta entra na sala e prostra-se aos pés de Jesus.
Simão olha para ela. Está furioso. Jesus ergue os olhos para ele e lhe pergunta
(essa é a frase que gosto tanto): ‘Simão, estás vendo essa mulher?’ A maioria
de nós (provavelmente Simão também) gosta de reduzir as pessoas a problemas.
Referimo-nos a eles como ‘problemas’ ou ‘casos’. Fazemos isso até com nós
mesmos. Pensamos em nós como ‘problemas’. Por que fazemos isso? Talvez porque
um ‘problema’ pode ser resolvido. Um ‘caso’ pode ser investigado e julgado. Mas
não podemos resolver pessoas. Não podemos investigar pessoas. Só podemos
entende-las. Na narrativa do Evangelho, Jesus está dizendo: ‘Simão, não se
trata de um caso. Não se trata de um problema. Trata-se de uma pessoa.
Está vendo essa mulher? Um ser humano. É uma mulher, Simão.
Consegue entender isso?’. É uma tragédia confundir pessoas com problemas ou
casos. Às vezes, a classe médica faz isso. Dizem coisas do gênero: ‘Há um caso
de úlcera no quarto 301’. Poderíamos pensar que, se puxássemos os lençóis,
veríamos um caso de úlcera deitado na cama. Mas sabemos que não é assim, não é?
Trata-se de uma pessoa que se preocupou tanto que acabou com um buraco no
estomago. Não é um caso. É uma pessoa. Uma pessoa preocupada e ferida. ‘Está vendo
essa mulher?’ O Jesus que faz essa pergunta a Simeão não nos trata como casos.
‘Tenho aqui um registro completo de seu caso’ é uma frase que dá uma impressão
de sermos meras estatísticas (casos) num livro. Para Jesus, não somos casos,
nem problemas. Somos pessoas. E Jesus sabe: você pode resolver problemas, mas
pessoas, tudo quanto se pode fazer é compreendê-las. E evidentemente, cada um
de nós é... uma pessoa, única e irrepetível” (John Poweel – As
Estações do Coração – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite