(Nm 11,25-29; Sl 18[19]; Tg 5,1-6; Mc 9,38-43.45.47-48).
1. Na nossa preparação para acolher o
evangelho, a liturgia da Palavra nos leva de volta à travessia no deserto e na
difícil condução do povo de Deus. Percebendo o cansaço de Moisés, Deus resolve
dividir o seu trabalho entre outros, dando-lhes o Espírito necessário para a
missão.
2. Mas de modo inesperado, esse mesmo
Espírito chega a quem mesmo não havia sido ‘escolhido’. Moisés, na sua
sabedoria, pede que sejam cautelosos em julgar que Deus não poderia agir para
além daquilo que julgamos ser o certo. O episódio nos prepara para a
compreensão da ação maior e generosa de Deus.
3. É provável que esse discurso
acalorado de Tiago na 2ª leitura diga respeito aos membros ricos da comunidade
para a qual escreve e que certamente não se converteram em suas relações com os
mais pobres. Nosso autor tem em vista a brevidade da vida e o julgamento que
estar por vir.
4. Para isso ele faz levantarem-se os
fantasmas do passado, tendo em vista que por trás de grandes riquezas residem
muitas injustiças.
5. Continuamos o caminho de Jesus com
seus discípulos e com eles vamos tirando algumas lições para a nossa vida. Em
três pequenos blocos acolhemos o convite a um melhor discernimento e
flexibilidade; que precisamos viver a caridade e particularmente estarmos
atentos aos mais frágeis e pobres; sem deixar de estarmos atentos a nós mesmos
nas constantes tentações ao longo do caminho.
6. Aqui percebemos o paciente modo como
Jesus vai conduzindo os seus discípulos, pois a convivência ainda não foi
suficiente para perceberem sua visão do mundo e das relações. É preciso uma
certa abertura para aqueles que se situam além e aquém do próprio grupo; muitos
podem colaborar para além desse espírito de pertença.
7. Deus age de modo imprevisível, nos
diz o Antigo Testamento e Jesus o confirma ao longo do Evangelho, e pode estar
para além daqueles parâmetros que tentamos manter sob controle. Assim somos
desarmados dessa tentação de a tudo julgar e sentenciar.
8. Há muita coisa que desconhecemos e
não podemos medir o agir de Deus que se abre a toda a humanidade, ainda que não
O reconheçam. Como os discípulos, temos dificuldade de aceitar e acolher o modo
como Ele tenta recuperar o que julgamos perdido ou mesmo de percebemos o bem na
ação do outro.
9. Como Moisés, Jesus quer levar-nos a
refletir sobre o nosso precipitado modo de julgar e a perceber que o amor e o
bem não é somente aquilo que se encaixa em nossos esquemas ou das nossas
igrejas. O Espírito de Deus, dizia Jesus à samaritana, está para além de tudo
isso e sopra onde quer, dirá a Nicodemos.
10. “Deveríamos, por isso, pedir ao
Senhor a graça de aprender a alegrar-nos pelo bem, onde quer que ele se
concretize, de nos alegrar-nos por todo o bem, sem nos importarmos com quem o
pratica: seja pequeno ou crescido; seja jovem ou ancião; seja leigo ou
consagrado; seja infeliz ou afortunado; seja doente ou saudável; seja alguém
que se abre para a vida ou alguém que está para prestar contas com Aquele que
generosamente lha concedeu” (Giuseppe Casarim – Lecionário Comentado –
Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite