25º Domingo do Tempo Comum

(Sb 2,12.17-20; Tg 3,16 - 4,3; Mc 9,30-37)

1.  As leituras que acompanhamos se casam, em parte, com as da semana anterior, pois giram em torno dessa entrega da vida por parte de Jesus. E Jesus será morto não por ser um sujeito mau, mas o seu estilo de vida, suas palavras incomodavam aqueles que se sentiam bem no seu estado de vida atual e não estavam dispostos a mudar.

2. Assim a liturgia faz uma comparação com a vida dos Israelitas que viviam na rica e famosa cidade de Alexandria no Egito. O estilo de vida destes, sua fé, incomodava os pagãos ou materialistas daquela sociedade. Eles são colocados à prova.

* A liturgia quer nos lembrar que qualquer pessoa que leve um estilo de vida honesto e testemunhe a sua fé, não será compreendido nem aceito por quem se conduz por outros critérios. Por isso o nosso salmo ressalta sua confiança em Deus, tal como Jesus e nos convida ao mesmo pedido e louvor daquele que é bom e ampara o justo em seu caminho.

3. Nesse caminho até o evangelho passamos por Tiago que em sua carta nos lembra três coisas importantes: inveja e rivalidade nunca produziram nada de bom, seja na vida pessoal ou comunitária. A ganância, o desejo de dominar sobre os outros está na contra mão de tudo aquilo que Deus nos propõe, “que vem do alto”, diz Tiago e nos levaria a relações mais saudáveis.   Mas o problema não está só nas nossas relações com outros, também com Deus, pois às vezes transformamos em objeto de oração nossos próprios caprichos e egoísmos. Assim ele nos deixa um extenso exame de consciência, e nos damos conta que a chamada que Jesus dá aos seus apóstolos poderia ser também a nós.

5. No domingo anterior ouvimos Pedro professar a fé em Jesus e ao mesmo tempo ser corrigido quanto a sua compreensão do Messias que era Jesus e de como eles eram convidados a comungar de sua vida. A coisa parece não ter ficado muito clara e Jesus volta ao assunto. A insistência de Jesus nesse assunto os fez recuar, pois nada perguntam.

6. Esse silêncio dos apóstolos figura a dificuldade de digerir essa nova imagem do messias com um seguimento tão exigente. De certo modo eles nos representam. A palavra de Jesus também nos incomoda. Mas nem por isso eles deixam de se preocupar com pequenas coisas, como saber quem entre eles era o mais importante, como se Jesus estivesse construindo alguma espécie de governo terreno.

7. Jesus que evitar que se construa na comunidade aquela mesma mentalidade civil com suas estruturas e divisões. Ele pede que seus apóstolos abandonem seus sonhos de grandeza. A grandeza estar em colocar os seus dons e talentos para o bem de todos. Por mais de uma vez Jesus ilustra a realidade do reino a partir de uma criança.

8. Aqui a criança aparece como o fraco e o indefeso que precisa ser acolhido pela comunidade, essa abertura aos mais frágeis, aos que muitas vezes não contam na sociedade. Como fez o próprio Jesus.


9. Numa sociedade como a nossa, fica difícil entender a proposta de Jesus se não nos abrimos a essa atenção a quem devemos abraçar. Abraçar não significa satisfazer caprichos, mas ajuda-las a crescer no amor a ponto de torna-las adultos, de libertá-las. Sob a ótica de Jesus, somos todos carentes desse abraço da comunidade, pois somos, por um lado, um pouco crianças, seja no pensar, seja no agir. A comunidade deve rever suas atitudes e tentar compreender quem está no meio dela, quem verdadeiramente necessita de uma atenção maior: o “fazer” a um desses pequeninos é o “fazer” ao próprio Jesus.

Pe. João Bosco Vieira Leite