(Lv 19,1-2.11-18; Sl 18[19]; Mt 25,31-46) 1ª Semana da Quaresma.
“Então o Rei lhes responderá: ‘Em
verdade eu vos digo que, todas vezes que fizestes isso a um dos menores dos
meus irmãos, foi a mim que o fizeste!’” Mt 25,40
“O
livro sobre os ‘ajudantes sem ajuda’ abriu-me finalmente os olhos, fazendo-me
compreender quantos outros motivos podem estar por trás da vontade de ajudar:
ganhar poder sobre o outro, sentir-se melhor, compensar pela ajuda as minhas
próprias deficiências etc. Ajudou-me a imagem do juiz que se apresenta como
rei. Segundo o raciocínio de Jesus, não ajudo o pobre apaziguando a minha
consciência pesada, mas vendo-o e tratando-o como um ser humano de estirpe
real. Aquele que ajuda não deve aviltar o outro, fazendo-o depender de sua
ajuda, mas deve erguê-lo para que descubra a sua dignidade de rei ou rainha.
Nesse sentido, o discurso de Jesus sobre o juízo constitui um desafio constante
de prestar atenção nas pessoas em torno de mim, reparando se estão com, se
estão sem casa e sem pátria, se estão nus e abandonados, presos em si mesmos,
perturbados por obsessões. É certo que não posso ajudar a todos. Preciso
reconhecer as minhas próprias limitações. No entanto, as palavras de Jesus me
deixam num estado de inquietação. Elas impedem que eu continue girando como um
Narciso em torno do meu próprio eu, como acontece hoje em algumas escolas
espirituais. É na realidade nua e crua da solidariedade humana que se percebe
se sou um discípulo de Jesus ou não. Ajudar a todos ultrapassaria as minhas
forças. Mas posso sempre ver o meu irmão e a minha irmã como rei e rainha. Isso
faz com que o ser humano se sinta valorizado. É o primeiro passo no sentido de
vestir o despedido com a dignidade real e de alimentar o faminto com a minha
atenção e dedicação” (Anselm
Grün – Jesus, mestre da salvação – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite