Segunda, 10 de março de 2025

(Lv 19,1-2.11-18; Sl 18[19]; Mt 25,31-46) 1ª Semana da Quaresma.

“Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo que, todas vezes que fizestes isso a um dos menores dos meus irmãos, foi a mim que o fizeste!’” Mt 25,40

“O livro sobre os ‘ajudantes sem ajuda’ abriu-me finalmente os olhos, fazendo-me compreender quantos outros motivos podem estar por trás da vontade de ajudar: ganhar poder sobre o outro, sentir-se melhor, compensar pela ajuda as minhas próprias deficiências etc. Ajudou-me a imagem do juiz que se apresenta como rei. Segundo o raciocínio de Jesus, não ajudo o pobre apaziguando a minha consciência pesada, mas vendo-o e tratando-o como um ser humano de estirpe real. Aquele que ajuda não deve aviltar o outro, fazendo-o depender de sua ajuda, mas deve erguê-lo para que descubra a sua dignidade de rei ou rainha. Nesse sentido, o discurso de Jesus sobre o juízo constitui um desafio constante de prestar atenção nas pessoas em torno de mim, reparando se estão com, se estão sem casa e sem pátria, se estão nus e abandonados, presos em si mesmos, perturbados por obsessões. É certo que não posso ajudar a todos. Preciso reconhecer as minhas próprias limitações. No entanto, as palavras de Jesus me deixam num estado de inquietação. Elas impedem que eu continue girando como um Narciso em torno do meu próprio eu, como acontece hoje em algumas escolas espirituais. É na realidade nua e crua da solidariedade humana que se percebe se sou um discípulo de Jesus ou não. Ajudar a todos ultrapassaria as minhas forças. Mas posso sempre ver o meu irmão e a minha irmã como rei e rainha. Isso faz com que o ser humano se sinta valorizado. É o primeiro passo no sentido de vestir o despedido com a dignidade real e de alimentar o faminto com a minha atenção e dedicação” (Anselm Grün – Jesus, mestre da salvação – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite