(Mq 7,14-15.18-20; Sl 102[103]; Lc 15,1-3.11-32) 2ª Semana da Quaresma.
“Qual Deus existe, como tu, que apagas a
iniquidade e esqueces o pecado daqueles que são restos de tua propriedade? Ele
não guarda rancor para sempre, o que ama é a misericórdia” Mq 7,18.
“O
trecho de Miquéias foi extraído de uma autêntica liturgia da esperança, tecida
num diálogo entre Israel e Deus, a que a mesma celebração dá voz. A que aqui
está presente é a súplica que o profeta ergue a Deus (vv. 14-15), seguida pelo
convite a repetir os prodígios maravilhosos realizados no Egito (v. 15; cf. vv.
16-17) e concluída por um hino ao Senhor fiel, misericordioso e que renuncia à
ira: a esperança do Seu perdão inunda o povo inteiro (vv. 18-20). [Compreender
a Palavra:] No início o profeta invoca a Deus para que intervenha junto do seu
povo e que repita os prodígios do êxodo. A parte mais relevante deste diálogo litúrgico
entre Deus e o seu Povo é representada pelo hino à misericórdia divina (vv.
18-20). É importante voltar a ouvir a sucessão das expressões que repetindo o
mesmo tema, embora com cambiantes diversas, marcam esse conceito. Miqueias
exalta o Senhor e opõe-no às outras divindades: JHWH é o Deus que ‘perdoa o
pecado’, ‘absolve a culpa’, ‘não guarda para sempre a sua ira’, e ‘prefere a
misericórdia’ (v. 18). Segue-se uma breve meditação sobre o povo: ‘Ele voltará
a ter piedade de nós’ (v. 19a), terminando com duas imagens deveras eficazes,
contidas numa nova invocação: o Senhor ‘pisará aos pés as nossas faltas’ e
‘lançará para o fundo do mar todos os nossos pecados’ (vv. 19b; cf. Ex 15) Deus
perdoará a Israel porque se comprometeu com ‘os nossos pais, desde os tempos
antigos’, e por isso mostrará ainda a Sua ‘fidelidade’ e a Sua ‘misericórdia’
(v. 20). O Senhor é fiel ao seu Povo enquanto é fiel a Si mesmo e à Sua
promessa de amor; por isso ama hoje Israel com o mesmo impulso, alegria e
frescura do princípio” (Giuseppe
Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma - Páscoa] –
Paulus).
Pe.
João Bosco Vieira Leite