(Eclo 17,20-28; Sl 32/31; Mc 10,17-27) 8ª Semana do Tempo Comum.
“Os discípulos se admiravam com estas
palavras, mas ele disse de novo:
‘Meus filhos, como é difícil entrar no
Reino de Deus!’” Mc
10,24.
“Apesar
dos discípulos não serem ricos, ficam assustados com a afirmação de que os que
têm riquezas dificilmente entrarão no Reino de Deus. Jesus reage à perplexidade
deles com uma provocação ainda maior: ‘É mais fácil um camelo passar pelo
buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus’ (10,25). Com essa afirmação
chocante, Jesus não pretende condenar a riqueza em si, porque esta não é um mal
em si. Ela também vem de Deus. Deus é rico e nos deixa participar de sua
riqueza divina. Mas a riqueza traz em si o risco de nos identificarmos com ela
e nos escondermos atrás dela. Nesse caso, os bens só servem para reforçar nossa
máscara. Ela nos impede de chegar a nosso verdadeiro eu. Podemos compensar
nossa falta de autoestima acumulando o maior número possível de bens. Nesse
caso, o desenvolvimento de nosso eu fica estagnado. Em vez de progredirmos em
nosso caminho, ficamos interiormente paralisados. As posses podem nos deixar
possessos, aí passamos a ser dominados pela ganância: queremos possuir cada vez
mais. Nunca estamos satisfeitos. Quem se deixa dominar a tal ponto pela riqueza
é incapaz de chegar ao Reino de Deus, porque se nega a aceitar o domínio de
Deus. Prefere servir a um outro senhor. Como os discípulos se mostrassem
espantados com a posição radical de Jesus em relação à riqueza, este lhes
indica um caminho alternativo: ‘Para os homens, é impossível, mas para Deus,
não, pois a Deus tudo é possível’ (10,27). Deus pode tocar até o coração dos
ricos, para que eles se abram ao Reino de Deus. Mesmo aquele que está agarrado
a seus bens pode vir a libertar-se de repente desse empecilho por força de
alguma experiência aflitiva. Num átimo, ele se dá conta de que existem outros
valores, de que o objetivo de sua vida não está na riqueza e sim na entrada no
Reino de Deus, em ser rico diante de Deus, em ser regido e plasmado por Deus” (Anselm Grün – Jesus, mestre da
salvação – Loyola).
Pe.
João Bosco Vieira Leite