Segunda, 03 de março de 2025

(Eclo 17,20-28; Sl 32/31; Mc 10,17-27) 8ª Semana do Tempo Comum.

“Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo:

‘Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus!’” Mc 10,24.

“Apesar dos discípulos não serem ricos, ficam assustados com a afirmação de que os que têm riquezas dificilmente entrarão no Reino de Deus. Jesus reage à perplexidade deles com uma provocação ainda maior: ‘É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus’ (10,25). Com essa afirmação chocante, Jesus não pretende condenar a riqueza em si, porque esta não é um mal em si. Ela também vem de Deus. Deus é rico e nos deixa participar de sua riqueza divina. Mas a riqueza traz em si o risco de nos identificarmos com ela e nos escondermos atrás dela. Nesse caso, os bens só servem para reforçar nossa máscara. Ela nos impede de chegar a nosso verdadeiro eu. Podemos compensar nossa falta de autoestima acumulando o maior número possível de bens. Nesse caso, o desenvolvimento de nosso eu fica estagnado. Em vez de progredirmos em nosso caminho, ficamos interiormente paralisados. As posses podem nos deixar possessos, aí passamos a ser dominados pela ganância: queremos possuir cada vez mais. Nunca estamos satisfeitos. Quem se deixa dominar a tal ponto pela riqueza é incapaz de chegar ao Reino de Deus, porque se nega a aceitar o domínio de Deus. Prefere servir a um outro senhor. Como os discípulos se mostrassem espantados com a posição radical de Jesus em relação à riqueza, este lhes indica um caminho alternativo: ‘Para os homens, é impossível, mas para Deus, não, pois a Deus tudo é possível’ (10,27). Deus pode tocar até o coração dos ricos, para que eles se abram ao Reino de Deus. Mesmo aquele que está agarrado a seus bens pode vir a libertar-se de repente desse empecilho por força de alguma experiência aflitiva. Num átimo, ele se dá conta de que existem outros valores, de que o objetivo de sua vida não está na riqueza e sim na entrada no Reino de Deus, em ser rico diante de Deus, em ser regido e plasmado por Deus” (Anselm Grün – Jesus, mestre da salvação – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite