Quinta, 05 de setembro de 2024

(1Cor 3,18-23; Sl 23[24]; Lc 5,1-11) 22ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se ao seu redor

para ouvir a Palavra de Deus” Lc 5,1.

“Jesus vê-se rodeado pelo povo, ansioso de ouvir a palavra de Deus; o povo tinha fome e sede de justiça, fome e sede da palavra de Deus. Rodeia-o de tal forma que quase lhe impede os movimentos indispensáveis, e assim  Jesus ordena a Pedro que afaste a barca um pouco da margem. ‘Faze-te ao largo’ (v. 4). Dentro de você, não fora de você. Em suas profundidades, em sua intimidade não no que o rodeia, não no que não é você. No silêncio de suas profundidades e não na agitação e no bulício de sua atividade exterior; na abstração de tudo que não seja Deus, as coisas de Deus. Para chegar a seu interior, você deverá afastar-se de muitas coisas em seu exterior; para colocar-se nesse fecundo silêncio, deverá fazer com que se calem muitas vozes, muitas conversas, muitos ruídos, muito bulício e agitação; Deus fala no silêncio; a Bíblia diz que Deus fala no deserto, não no deserto físico de ausência de população, mas sim no deserto do coração, esse coração que se encontra despojado de tudo. Pode ser que, por motivo de seus deveres de estado, você se ache imerso entre os ruídos exteriores; mas afirmo-lhe que mesmo entre esses ruídos seu coração deve estar em silêncio diante de Deus, e lhe afirmo também que, por mais que por sua vocação você deve estar imerso no bulício do mundo, é imprescindível que haja em sua vida momentos nos quais você se afaste de tudo e de todos e se dedique única e exclusivamente ao silêncio, ao recolhimento, à oração, à sua intimidade com Deus. Os santos pareciam tão entregues ao próximo, como se estivessem absorvidos pela presença de Deus neles. Santo Antônio Maria Claret, acompanhando o cortejo da rainha da Espanha no meio das multidões, não perdia o colóquio ininterrupto com Jesus sacramentado que levava no peito. Nas parias sentem-se ruídos, rumores, gritos: somente mar adentro é onde se goza do deslizar suave das ondas e do afastamento da azáfama do mundo; somente ali dentro do coração poder-se-á gozar das delícias suaves desse Deus que nos acompanha continuamente. E não pense que a espiritualidade leiga, própria dos leigos cristãos, exima você da interioridade de sua vida espiritual; sem essa interioridade você mal conseguirá libertar-se das influências de tudo que o rodeia” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite