Sexta, 20 de setembro de 2024

(1Cor 15,12-20; Sl 16[17]; Lc 8,1-3) 24ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus andava por cidades e povoados, pregando e anunciando a Boa-nova do Reino de Deus. os doze iam com ele; e também algumas mulheres que haviam sido curadas de maus espíritos e doenças” Lc 8,1-2a.

“No seu caminho, Jesus é acompanhado não apenas por homens, mas também, igualmente, por mulheres. Somente Lucas nomeia explicitamente algumas mulheres como acompanhantes de Jesus. As mulheres acompanham Jesus até sua morte na cruz. E elas são as primeiras a correr para o sepulcro, onde se encontram com os anjos e lhes anunciam a ressurreição de Jesus: ‘Por que procurais o vivente entre os mortos? Ele não está aqui; ressurgiu. Lembrai-vos como ele como ele vos falou quando estava na Galileia’ (Lc 24,5-6). Este ‘vos falou’ mostra que Jesus, na Galileia, não falava somente com os discípulos, mas sempre também com as mulheres. Elas são discípulas. Isso vale também para a comunidade cristã. Para Lucas, homens e mulheres são discípulos e discípulas de Jesus, com os mesmos diretos. Frequentemente as mulheres são as primeiras a entender o sentido das palavras de Jesus, enquanto os homens às vezes tomam por ‘lorotas’  aquilo que as mulheres experienciaram e comentam (Lc 24,11)” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Quinta, 19 de setembro de 2024

(1Cor 15,1-11; Sl 117[118]; Lc 7,36-50) 24ª Semana do Tempo Comum.

“Certa mulher, conhecida na cidade como pecadora, soube que Jesus estava à mesa na casa do fariseu”

Lc 7,37a.

“Quem na própria vida já passou por uma conversão se relaciona também de outra maneira com os pecadores. Não projetará sobre os outros a sua própria culpa; não fará deles, abusivamente, bodes expiatórios. Há de se relacionar com os pecadores de maneira bondosa, segundo o exemplo de Jesus. Que Jesus se voltava para os pecadores tem seu fundamento na confiança de que exatamente os pecadores estão abertos para a Boa Nova sobre o amor misericordioso de Deus. Lucas desenha Jesus como aquele que se voltava para os pecadores, e come e bebe com eles. Ele contou uma história maravilhosa, uma obra prima de sua arte teatral, a história do encontro entre Jesus e a pecadora (Lc 7,36-50). Nessa narrativa, brilhante ‘pelo seu esmero estético’ (Bovon I, p. 385), Lucas empregou recursos estilísticos da literatura dos simpósios gregos, sobretudo o tema da aparição de hóspedes não convidados, o diálogo típico dos banquetes gregos (cf. Heininger, p. 84s). Jesus está deitado, segundo o costume de círculos gregos, para a refeição na casa de um fariseu. Aí aconteceu uma surpresa. Uma mulher, conhecida na cidade como pecadora, entra e se aproxima de Jesus por trás. Com suas lágrimas ela molha os pés de Jesus, enxuga-os com seus cabelos e unge-os com óleo precioso. A unção da cabeça pertencia aos costumeiros ritos de recepção, mas a unção dos pés era uma coisa inaudita (Bovon I, p. 391). É uma cena erótica, pois somente a própria esposa ou uma filha podiam ungir os pés de homem. E para o sentimento judaico soltar os cabelos era um gesto particularmente erótico. A mulher até beija os pés de Jesus. Enquanto os fariseus olham a cena com indignação, Jesus interpreta positivamente a conduta da mulher. Ele vê as lágrimas, ele vê a aflição, ele vê a ânsia da mulher por um amor verdadeiro. Jesus toma a iniciativa. O fariseu, que nos seus pensamentos se tinha colocado acima Jesus, fica embaraçado com uma comparação, tirada por Jesus do mundo do crediário da época (Lc 7,41s). depois Jesus critica abertamente a atitude do fariseu, e defende o ato da mulher. No comportamento da mulher ele vê uma expressão de amor. Esse amor é um sinal que muita coisa lhe foi perdoada. Publicamente, diante de todos os comensais, Jesus garante o perdão àquela mulher. Lucas, de propósito, deixa o leitor em dúvida: Jesus perdoa a mulher porque ela lhe mostrou tanto amor ou confirma apenas o perdão e o amor. E não vale a pena discutir sobre o que aconteceu primeiro, o perdão ou o amor. O amor e o perdão engrenados, um no outro, mutuamente” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).  

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 18 de setembro de 2024

(1Cor 12,31—13,13; Sl 32[33]; Lc 31-35) 24ª Semana do Tempo Comum.

“Atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade”

1Cor 13,13.

“Esta página da Primeira Carta aos Coríntios é famosa, e com razão: apresenta o elogio da caridade (ágape), isto é, o ‘caminho mais sublime’ (13,13) que o próprio Deus percorre em cada um de nós. A composição articula-se em três momentos. No primeiro, o Apóstolo Paulo faz uma comparação entre o amor e os carismas, que eram os mais ambicionados em Corinto, por serem os mais vistosos (13,1-3); no segundo, celebra com quinze verbos as qualidades do amor, ou seja, o que o amor é e o que faz (13,4-7); no terceiro, exalta o valor perene da caridade e a sua superioridade sobre todos os outros carismas e sobre todas as virtudes (13,8-13). [Compreender a Palavra:] Neste hino Paulo procura transmitir a sua paixão por uma vida cristã que entra em contato com a própria realidade de Deus, que é amor. A caridade aqui celebrada, com efeito, não é obra do homem, mas a atividade gratuita do Senhor, que torna possíveis relações novas com os outros porque foi aceite a relação com Ele. Os quinze atributos da caridade (oito são negativos, para indicar que ela exige sempre que dentro de nós alguma coisa seja mortificada, um êxodo do homem velho) dizem como são as relações com Deus e entre os homens, tornadas possíveis pelo dom do ágape. A caridade nunca terá fim, porque é antes de mais relação com Deus que transparece nas novas relações com os homens. Por conseguinte, a caridade é verdadeiramente a única dimensão escatológica do presente, é o caminho mais sublime pelo qual se deve sempre aspirar (1Cor 14,1). Nós detemo-nos demasiado nos momentos que manifestam pouco amor e esquecemo-nos que Deus já nos deu a caridade no Batismo e que nós, embora com muitas limitações, já a vivemos. Dêmos graças a Deus porque a Sua caridade existe em nós e entre nós, e porque Ele nos dá a alegria de o reconhecermos” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Semanas de XVIII-XXXIV] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 17 de setembro de 2024

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(1[[Cor 12,12-14.27-31; Sl 99[100]; Lc 7,11-17) 24ª Semana do Tempo Comum.

“Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: ‘Não chores!’” Lc 7,13.

“Jesus era altamente sensível ao sofrimento humano. Não lhe passava despercebida nenhuma só situação de dor e angústia. Sua sensibilidade era ainda mais aguçada quando se tratava de pessoas cuja condição social as tornava vulneráveis, vítimas da exploração e da marginalização. Todo o seu ministério foi pontilhado de experiências de compaixão. O episódio às portas da cidadezinha de Naim é um bom exemplo disto. Aí ele se deparou com uma cena dramática: o enterro do filho único de uma viúva. A situação daquela mulher era de tal desamparo: viúva e sem outros filhos para ampará-la. Via-se abandonada à própria sorte. Seu futuro, pois, era incerto. Sem esperar ser solicitado, Jesus tomou a iniciativa de devolver a esperança ao coração daquela mulher, pois teve compaixão dela. Não se limitou, porém, a simples palavras de consolação. Ressuscitou-lhe o filho que era levado para a sepultura. Assim ela, bem como seu filho, passaram por um processo de revivificação. Marcada pela morte do esposo e do filho único, sem dúvida, ela já tinha mais motivos para viver. Sua vida teria sido uma contínua espera da morte. O gesto misericordioso de Jesus reascendeu-lhe a chama da vida. Valia a pena continuar a viver! – Senhor Jesus, que eu seja sensível à angústia e aos sofrimentos do meu próximo, e ajuda-me a devolver-lhe a alegria de viver (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano B] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Segunda, 16 de setembro de 2024

(1Cor 11,17-26.33; Sl 39[40]; Lc 7,1-10) 24ª Semana do Tempo Comum.

“Chegando aonde Jesus estava, pediram-lhe com insistência: ‘O oficial merece que lhe faças esse favor, porque ele estima o nosso povo. Ele até nos construiu uma sinagoga’” Lc 7,4-5.

“Aquele oficial romano, que não pertencia ao povo de Deus, mereceu que Jesus lhe fizesse o milagre que pedia e mereceu por duas razões: porque ‘amava o povo de Deus’; porque tinha fé, muita fé. E o milagre, mais que pela cura do doente, ocorreu em razão da fé daquele homem; uma fé firme, uma fé que afirmava e admitia o poder taumatúrgico de Cristo, fé que Jesus era dono da saúde e da enfermidade, da vida e da morte, e por isso Jesus podia dar a saúde e mesmo avida. A fé do oficial romano era maior que a fé que até então tinha demonstrado os próprios integrantes do povo de Deus, essa foi que produziu o milagre e não o fato de pertencer ou não ao povo de Deus. Talvez o oficial romano não tenha captado toda dimensão da palavra de Jesus; mas você, que é cristão, e que deve aprofundar nessa projeção que a palavra de Deus deve produzir a saúde e o bem do seu espírito; deve ser eficaz e transformadora de sua vida, que  a partir da palavra de Deus deverá tomar orientação diferente e deverá transformar você em uma pessoa verdadeiramente espiritual, que saiba descobrir o sentido da eternidade, que todas as coisas têm por mais materiais que sejam. A palavra de Deus é que deve levá-lo ao amor de Deus e ao amor a seu próximo, seja ele quem for; o oficial romano, apesar de não pertencer ao povo de Deus, apesar de não ser israelita, ‘amava o povo de Deus’, e esse amor foi aduzido como reforço ao milagre que Jesus fez com o enfermo. O amor de Deus deverá produzir em você o amor ao próximo e esse amor ao próximo é que será capaz de realizar verdadeiros prodígios de transformação em sua vida, coisas que não chegariam a ter explicação senão no amor” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

24º Domingo do Tempo Comum – Ano B

 (Is 50,5-9; Sl 114[115]; Tg 2,14-18; Mc 8,27-35)

1. Mais uma vez temos a célebre pergunta de Jesus a seus discípulos. Mas o acento litúrgico não está na pergunta ou resposta, seja de Jesus ou dos discípulos, e sim no anúncio da paixão, como nos introduz a 1ª leitura.

2. Temos também a repreensão a Pedro para culminar nesse ensinamento de Jesus à multidão sobre o seguimento e a cruz como sinal de tudo o que envolve o nosso discipulado. Já refletimos um pouco sobre tudo isso. O que nos permite voltar-nos sobre a 2ª leitura que nos fala de fé e obras.

3. Sempre se traz à tona o posicionamento de Paulo que nos diz que o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas somente pela fé (Gl 2,16), como que contrapondo a Tiago. Não se pode afirmar tal oposição pois o mesmo Paulo tem consciência que tanto a fé, como as obras, são dons do próprio Deus para nossa salvação (cf. Ef 2,8-10).

4. Nós somos obra de Deus, isto é o essencial. Deus, porém, não nos salvou em Cristo para que permaneçamos inertes e passivos ou mesmo no pecado, mas para que fôssemos capazes de realizar, pela graça e pela fé, as boas obras que Deus predispôs para nós, que são as virtudes cristãs.

5. Em 1º lugar está a caridade para com o próximo. É o mesmo Paulo que, na 2ª metade da carta aos Romanos, elenca uma série de boas obras que deve praticar quem crê: caridade, serviço, obediência, pureza, humildade. (cf. Rm 12—14).

6. Essa síntese entre fé e obra custou muita discussão entre católicos e protestantes. Se sabe que não nos salvamos pelas boas obras, mas não nos salvamos também sem as boas obras; que somos justificados pela fé, mas é a fé mesma que nos impele às obras, para não assemelhar-nos àquele filho da parábola que diz logo ‘sim’ ao pai que lhe pede para trabalhar no campo, mas que depois não vai (cf. Mt 21,28s).

7.  Pensando de maneira prática, o filósofo Luterano S. Kierkegaard aconselhava a começar pelas obras, pois segundo ele é mais simples que o princípio da fé. Para chegarmos a uma autêntica fé supõe uma interioridade e uma pureza de espírito que poucos alcançam.

8. É mais fácil começar fazendo alguma coisa, ainda que de modo imperfeito. É mais fácil crer se, renegando-se a si mesmo, se começa a fazer alguma coisa.

9. É como alguém que vê aquelas imagens de sofrimentos geradas pelas chuvas do Rio Grande do Sul, sente uma profunda compaixão, que se sente ‘obrigado’ a mudar de canal, porém não faz nada, a não ser, quem sabe, rezar por eles. Não seriamos alvo da crítica de São Tiago?

10. Temos que ter a Paulo e Tiago juntos: Devemos fazer as boas obras, mas devemos fazê-la na fé. Como resposta àquilo que Deus fez por nós, em espírito de gratuidade, não por outros motivos, ainda que seja para ganhar o paraíso.

11. Fazer as boas obras na fé significa não sentir-se orgulhoso ou superior por ter feito algo de bom, mas tudo atribuir à graça de Deus. Sem deixar-nos guiar por critérios humanos de simpatia ou antipatia, mas tão somente da necessidade. O próprio Tiago nos aconselha a pedir a Deus a capacidade de fazer o bem (cf. Tg 1,5-7). Nada é tão simples assim como parece...   

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Sábado, 14 de setembro de 2024

(Nm 21,4-9; Sl 77[78]; Jo 3,13-17) Exaltação da Santa Cruz.

“Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto,

assim é necessário que o Filho do homem seja levantado” Jo 3,14.

“A primeira leitura da missa (Nm 21,4-9) narra-nos como o Senhor castigou o Povo eleito por ter murmurado contra Moisés e contra Deus ao experimentar as dificuldades do deserto; enviou-lhe serpentes que causavam estragos entre os israelitas. Quando se arrependeram, o Senhor disse a Moisés: ‘Faze uma serpente de bronze e põe-na por sinal; aquele que, tendo sido ferido, olhar para ela, viverá. Moisés fez, pois, uma serpente de bronze e pô-la por sinal; e os feridos que olhavam para ela ficavam curados’. A serpente de bronze era figura de Cristo na Cruz; quem o olha obtém a salvação. Assim o diz Jesus no diálogo mantido com Nicodemos: ‘Como Moisés levantou no deserto a serpente, assim também importa que o Filho do homem seja levantado, a fim de que todo o que crê nele não pereça, mas tenha a vida eterna’(Jo 3,14). Desde então, o caminho da santidade passa pela cruz, e ganham sentido todas essas realidades que tanto precisam dele, como são a doença, a dor, as aflições econômicas, o fracasso..., a mortificação voluntária. Mais ainda: Deus abençoa com a Cruz quando quer conceder grandes bens a um dos seus filhos, a quem trata então com particular predileção. Não são poucos os que fogem em debandada da Cruz de Cristo, e se afastam da verdadeira alegria, da eficácia sobrenatural, da própria santidade; fogem de Cristo. Levemo-la nós sem rebeldia, sem queixas, com amor. ‘Estas sofrendo uma grande tribulação? Encontras oposição? – Diz, muito devagar, como que saboreando, esta oração forte e viril: Faça-se, cumpra-se, seja louvada e eternamente glorificada a justíssima Vontade de Deus sobre todas as coisas. – Assim seja. Assim seja. – Eu te garanto que alcançarás a paz’ (José Maria Escrivá, Caminho, n. 691)” (Francisco Fernandez-Carvajal – Falar com Deus – Vol. 5 – Quadrante)

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Sexta, 13 de setembro de 2024

(1Cor 9,16-19.22-27; Sl 83[84]; Lc 6,39-42) 23ª Semana do Tempo Comum.

“Hipócritas! Tira primeiro a trave do teu olho e então poderás enxergar bem

para tirar o cisco do olho do teu irmão” Lc 6,42b.

“A comparação e a afirmação de Jesus não poderiam ser mais concretas; às vezes e muitas vezes fixamo-nos no próximo, vemos nele toda série de defeitos; e como nos doem os defeitos dos outros e quão feios nos parecem! No entanto, esses mesmos defeitos e ainda maiores em nós mesmos parecem-nos insignificantes e mesmo, de certo modo, achamo-los justificáveis. Os outros são neurastênicos; nós somos pessoas de caráter. Os outros são ambiciosos; nós procuramos controlar-nos. Os outros são sensuais e comodistas; nós somos prudentes. Os outros não enxergam a realidade; nós somos clarividentes. Jesus diz que nós somos tão exigentes como os outros e aumentamos de tal forma seus defeitos, que vemos neles até as mais insignificantes minúcias, enquanto nós temos a vista clara e limpa, sendo a verdade completamente diferente: o cisco está no olho do próximo, mas no nosso temos uma viga. Para julgar a respeito da limpeza de sua consciência, não se compare com os outros, mas compare-se com Deus, com o que Deus deseja de você. Não pergunte aos outros como deve ser, mas pergunte ao Senhor como ele quer que você seja. Deveria você constantemente repetir a oração e a atitude do profeta Samuel: ‘Falai (...), vosso servo escuta’ (1Samuel 3,10). Deus quer de você que se vá purificando cada vez mais; não basta não estar sujo com a sujeira do pecado; é preciso ir limpando-se cada vez mais; não basta não pecar, é preciso praticar a virtude positivamente; não basta não odiar, é preciso amar. Os homens julgarão você se não for mau; Deus exigirá de você que seja bom; os homens se contentarão com que você não pratique o mal, Deus leva você a praticar o bem; você não deve fixar-se somente no mal que tenha feito, quando você examinar sua consciência, sobretudo deve analisar o bem que você não fez, tendo condições de fazê-lo” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 12 de setembro de 2024

(1Cor 8,1-7.11-13; Sl 138[139]; Lc 6,27-38) 23ª Semana do Tempo Comum.

“Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso” Lc 6,36.

“O ensinamento de Jesus a respeito do amor aos inimigos foi especificado de várias maneiras. Responder o ódio com a prática do bem, a maldição com a bênção e a calúnia com a oração são todas formas de amar os inimigos e, assim, quebrar a espiral da violência. Oferecer a outra face a quem o esbofeteou e dar a túnica a quem lhe tirou o manto são também sinais deste amor. O discípulo, agindo assim, reverte uma maneira estereotipada de reagir, pela qual as pessoas tendem a revidar o mal com o mal e a violência com violência. Só é capaz de agir assim quem tem o coração repleto da misericórdia do Pai. Caso contrário, não terá condições de realizar os gestos heroicos propostos por Jesus. O modelo inspirador da ação cristã é a misericórdia do Pai. Ele é igualmente bondoso para bons e maus. Se ele respondesse às ofensas humanas, eliminando o pecador, boa parte da humanidade deveria desaparecer. O Pai tem paciência com os ingratos e malvados por nutrir a esperança de que se convertam para a misericórdia no trato mútuo. O mesmo se dá com o discípulo. A capacidade de fazer frente à violência, com o amor, justifica-se pela esperança de conquistar o malvado para o Reino. A atitude cristã pode fazer o perverso abandonar seu caminho de violência e levá-lo a optar pelo caminho indicado por Jesus. – Senhor Jesus, dá-me força e coragem para retribuir o ódio com o amor e, assim, poder conquistar meus inimigos para o Reino (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano B] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 11 de setembro de 2024

(1Cor 7,25-31; Sl 44[45]; Lc 6,20-26) 23ª Semana do Tempo Comum.

“Estas ligado a uma mulher? Não procures desligar-te. Não estás ligado a nenhuma mulher?

Não procures ligar-te” 1Cor 7,27.

“Depois de ter tratado o tema das relações sexuais e do matrimônio nas diversas situações (1Cor 6,12—7,24), Paulo dirige-se às pessoas virgens, isto é, aos jovens e às jovens que estão para casar ou que se orientam para o matrimônio, e propõe-lhe também o ideal da virgindade como comunhão com Cristo, sem distrações e como espera da Sua vinda final. A virgindade anuncia que o mundo futuro está já presente, que o Espírito do Ressuscitado está já atuando, que Deus já triunfou na pessoa de Jesus Cristo: o fermento escatológico penetra em todas as situações e transforma-as. A ressurreição de Jesus inaugura o tempo novo e relativiza quer o presente quer as estruturas mundanas. A relação com o Senhor ressuscitado dá valor e significado a todas as opções de vida. Paulo insiste sobre a brevidade e caducidade do tempo, para propor um discernimento evangélico dos valores, para exortar a que se evite toda a forma de apego e de posse: vivemos numa situação que se tornou provisória. O cristão sabe que se encaminha para o mundo novo, e por isso matrimônio, riso, pranto, posse, venda não são realidades últimas. Os cristãos podem fazer uso do mundo, viver as relações conjugais, familiares, sociais, mas não devem estar completamente absorvidos por elas. O cristão casa-se, chora, alegra-se, compra, vende, mas não como os outros; estas dimensões da vida não são um fim em si mesmas, mas são meios para viver já aqui o que dura para sempre: o amor a Deus e aos irmãos. Paulo propõe a virgindade como união total ao Senhor, como testemunho do primado do Senhor e da relatividade daquilo que é terreno. O estado virginal e o estado conjugal são caminhos, modos idóneos, embora diferentes, de viver a caridade” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Semanas de XVIII-XXXIV] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Terça, 10 setembro de 2024

(1Cor 6,1-11; Sl 149; Lc 6,12-19) 23ª Semana do Tempo Comum.

“Naqueles dias, Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus” Lc 6,12.

“A escolha dos doze Apóstolos deu-se num processo de oração e de discernimento. Tratava-se de um ato importante no contexto da missão de Jesus. Ele não podia ser movido por critérios que não fossem aqueles do Reino. Teria incorrido em erro se escolhesse somente quem lhe era simpático, quem fosse rico ou de família nobre ou, então, quem lhe pudesse oferecer ajuda financeira. Só a obediência ao Pai, depois de uma noite passada em oração, explica por que Jesus escolheu um punhado de pessoas humanamente tão pouco qualificados. E mais: gente que haveria de traí-lo, abandoná-lo, renegá-lo. Entretanto, foi assim que se manifestou a sabedoria divina. A consolidação do Reino, na história humana, haveria de ser obra de Deus. A precariedade de dotes nas pessoas escolhidas para serem instrumento de sua ação demonstrou-o muito bem. Embora humanamente cheios de limitações, os doze Apóstolos receberam a missão de levar adiante a missão iniciada por Jesus, o enviado do Pai. A ação deles revelou-se grandiosa, porque souberam confiar plenamente em Deus e deixar-se guiar por ele. O tempo demonstrou o acerto de Jesus na escolha dos doze. Excetuando Judas Iscariotes, que não soube confiar no perdão misericordioso de Jesus, todos os demais apóstolos assumiram com um ardor incrível sua missão de servidores do Reino. – Senhor Jesus, apesar de minhas fraquezas e limitações, conta também comigo para ser servidor do teu Reino (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano B] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 9 de setembro de 2024

(1Cr 5,1-8; Sl 5; Lc 6,6-11) 23ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. Aí havia um homem cuja mão direita era seca” Lc 6,6.

“Uma mão seca é uma mão inútil, que não só não serve para nada, mas que é positivamente incômoda, pesa e é demais porque estorva. Jesus compadeceu-se daquele enfermo e, com infinita bondade e poder de Deus, cura aquela mão, dá-lhe vida e movimento, dá-lhe utilidade e agilidade e devolve àquele corpo a plenitude da atividade e a facilidade dos movimentos. Agora, do aspecto físico, podemos passar para o aspecto espiritual. Porque também no espiritual existem aqueles que padecem de enfermidades que secam o espírito e impedem que o homem realize uma positiva atividade espiritual. Também no espiritual existem os que estão inativos, despojados de toda inquietude de agir, mergulhados em uma passividade alarmante, sem se preocuparem não só por melhorar a sua vida, mas até mesmo sem inquietar-se por serem melhores do que são; seu organismo espiritual está seco, incapaz de agir, sem se preocupar com nada, nem com ninguém. Tudo isso deve fazê-lo pensar em você mesmo, não aconteça que em você se cumpra o que acaba de ler. Pense, portanto, não somente se você vive com a vida da graça, mas você deve também examinar-se sobre essa mesma vida da graça. Não lhe parece que também em você a graça pode estar presente, mas inativa, sem projeção, sem exuberância de vida, sem manifestações de seu dinamismo, mas atrofiada, uma vida da graça que é vida, porque não se tem pecado mortal, mas que é uma vida com um mínimo de vitalidade? Outras vezes a secura, a aridez na oração, em suas relações com Deus, podem não por sua culpa, mas permissão de Deus, provação a que Deus o/a expõe. Talvez você tenha experimentado dias e mesmo épocas, nas quais, ao colocar-se em oração, você o fazia sem gosto, sem vontade, melhor dizendo, não sentia nada: nenhum atrativo pela oração, Deus não o/a atraía, não o/a chamava, parecia estar surdo a seus pedidos e é possível que, nessas circunstâncias, você tenha deixado de orar, de se entreter com Deus, afastando-se da vida espiritual. Não era isso o que você devia ter feito. Se Deus lhe tirou o gosto pela oração, você devia orar sem gosto, mas com fidelidade à sua obrigação. Porque, orar somente quando se tiver e sentir gosto é prova evidente de que se ora não por Deus, mas por gosto pessoal; ao passo que, orar, mesmo quando não se tiver apetência para isso, ainda que não se experimente nenhum gosto, é sinal evidente de que não se busca a si mesmo, mas sim a Deus na oração” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

23º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Is 35,4-7; Sl 145[146]; Tg 2,1-5; Mc 7,31-37)

1. Jesus realiza mais uma cura. Desta vez a de um homem surdo. Suas curas não se davam por algum passe de mágica ou estalar de dedos. Jesus deixa escapar um ‘suspiro’, diz o texto, antes de tocar na orelha do surdo, como quem, de alguma forma sofria com a desgraça do outro, tomando-a sobre si.

2. Jesus manifesta solidariedade e compaixão. Em sua atitude já encontramos a primeira lição. Como nos comportamos diante daqueles que apresentam alguma limitação física? Se não podemos curá-lo, ao menos aliviamos seu sofrimento numa atitude de respeito e delicadeza no trato com o outro, sem humilhá-lo.  

3. Esses novos tempos de inclusão exigem da nossa parte certa atenção e aprendizado de como lidar com as limitações alheias. Não é preciso ter estudado psicologia para saber quais são as coisas que possam agradar ou desagradar uma pessoa surda, seja no nosso falar ou atenção necessária ao outro.

4. Mas não é só isso que o evangelho vem nos lembrar sobre a surdez. Marcos conserva em seu texto a palavra original na língua falada por Jesus, o aramaico: ‘Effatà’. Uma pequena relíquia conservada. Mas a Igreja primitiva já havia entendido que essa palavra não se referia tão somente a surdez física, mas também àquela espiritual. 

5. Assim, esse ‘Abre-te!’ é um grito dirigido a todo ser humano. Um convite a não fechar-se em si mesmo, a não ser insensível a necessidade do outro; positivamente, a realizar-se estabelecendo relações livres, belas e construtivas com as pessoas, dando e recebendo do outro.

6. Aplicado a nossa relação com Deus, ‘abre-te!’ é um convite a escutar a palavra de Deus, de deixar Deus entrar na própria vida. Foi com essa expressão que João Paulo II iniciou seu ministério pontifical: “Abri as portas a Cristo”.

7. São Paulo nos lembra que a fé nasce da escuta (Rm 10,17). Não há fé possível sem essa escuta profunda do coração. É certo que a fé é um dom, mas temos que nos perguntar se verdadeiramente temos dado espaço para que Deus nos fale. Se fazemos como o jovem Samuel: “Fala, Senhor, que teu servo te escuta” (1Sm 3,10).

8. Às vezes é preciso fechar os olhos do corpo para abrir melhor os da alma. Não à toa, num mundo de tantos rumores, precisamos de silêncio para reconectar com Deus e com nós mesmos, com as nossas escolhas e decisões. A 9ª Sinfonia de Beethoven é uma das mais belas obras do autor, depois de perder a audição.

9. Certamente não precisamos atravessar a surdez física para descobrir esse outro mundo. Há uma surdez seletiva, que consiste em escolher o que escutar e o que não escutar. Seja uma crítica ao fato de crermos, quando se fala mal do próximo, quando se nos propõe um ganho desonesto, certas obscenidades, blasfêmias e vulgaridades sejam das conversas ou canções.

10. Sermos surdos, às vezes, quando nos ofendem ou falam mal de nós, deixando a palavra cair no vazio, antes que rebater. Quantos males, em família, se evitam com essa atitude, deixando cair no vazio palavras dita num momento de ira, como se não fossem escutadas.

11. Nosso evangelho se conclui com essas palavras sobre Jesus: “Ele tem feito bem todas as coisas: aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”. Podemos parodiar dizendo: “O Evangelho faz bem todas as coisas: faz ouvir àqueles que são surdos, quão bom é escutar, e faz surdo àqueles que escutam entender: quão bom é não ouvir”.

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 07 de setembro de 2024

(1Cor 4,6-15; Sl 144[145]; Lc 6,1-5) 22ª Semana do Tempo Comum.

“Então alguns fariseus disseram: ‘Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?” Lc 6,2.

“Os fariseus estavam atentos ao comportamento dos discípulos de Jesus. Quando notavam neles qualquer atitude que pudesse conotar desrespeito às tradições religiosas, apressavam-se em censurar-lhes. O alvo das censuras, no entanto, era Jesus. O fato de os discípulos atravessarem um trigal, em dia de sábado, e apanharem espigas para comer parecia-lhes uma clara infração do preceito do repouso sabático. Este gesto tão simples pareceu-lhes ser contrário à tradição. Jesus, porém, rebateu a advertência dos fariseus com dois argumentos. Em primeiro lugar, apresentou o caso de Davi, rei tido como piedoso e que não hesitou em comer os pães sagrados, num momento em que teve fome. E ninguém o condenou, embora isso não lhe fosse permitido. Em segundo lugar, Jesus era senhor também do sábado. Por conseguinte, tinha autoridade suficiente para permitir a seus discípulos fazer o que era proibido em dia de sábado. Evidentemente, o Mestre não agia assim por leviandade. Nem tampouco com o puro intuito de chocar os ‘piedosos’ fariseus. Jesus se diferenciava dos fariseus pelo fato, também, de se recusar a absolutizar as tradições religiosas. O respeito a essas tradições, para Jesus, só tinha sentido quando fosse para o bem das pessoas. – Senhor Jesus, livra-me do apego às práticas religiosas, até o ponto de absolutizá-las, deixando-me desumanizar por elas (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano B] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 06 de setembro de 2024

(1Cor 4,1-5; Sl 36[37]; Lc 5,33-39) 22ª Semana do Tempo Comum.

“Mas dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, naqueles dias eles jejuarão”. Lc 5,35.

“O Evangelho dá testemunho da continuidade, mas também da grande descontinuidade que existe entre o Batismo de João Batista e o Batismo de Jesus. O primeiro é feito de penitência e de ascese, de autêntica conversão pessoal diante do juízo de Deus; ao invés, o Batismo de Jesus é o acolhimento festivo do Reino dos Céus, que vem ao encontro dos homens, como o noivo vai ao encontro da noiva. A parábola dos versículos 36-37 coloca em relevo a novidade do Reino de Deus, que exige também um modo novo de acolhê-lo. [Compreender a Palavra:] A imagem esponsal ocorre com muita coerência nos quatro evangelhos, procurando interpretar a presença de Jesus entre os homens como um festa de núpcias, que finalmente pode dar início à fecundidade da vida (cf. Jo 2,1-12). No texto de hoje, o aspecto esponsal da presença de Jesus é utilizado para colocar em evidência a diferença entre o modo de vida levado por um homem reto como João Batista, e o outro, porventura demasiado humano, de Jesus. Jejum e penitência são as tentativas que pomos em prática para nos convertermos, mas a verdadeira mudança nasce do acolhimento do motivo autêntico da festa, que é a pessoa de Jesus. Este fala abundantemente do aspecto festivo da vida cristã. As duas comparações do ‘vestido novo’ (v. 36) e dos ‘odres novos’ (v. 38) querem explicar a novidade da atitude a que somos chamados perante a atuação de Deus em Jesus. Seria loucura e descuido não compreender que aquilo que é novo merece uma disponibilidade e uma escuta novas” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Semanas de XVIII-XXXIV] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 05 de setembro de 2024

(1Cor 3,18-23; Sl 23[24]; Lc 5,1-11) 22ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se ao seu redor

para ouvir a Palavra de Deus” Lc 5,1.

“Jesus vê-se rodeado pelo povo, ansioso de ouvir a palavra de Deus; o povo tinha fome e sede de justiça, fome e sede da palavra de Deus. Rodeia-o de tal forma que quase lhe impede os movimentos indispensáveis, e assim  Jesus ordena a Pedro que afaste a barca um pouco da margem. ‘Faze-te ao largo’ (v. 4). Dentro de você, não fora de você. Em suas profundidades, em sua intimidade não no que o rodeia, não no que não é você. No silêncio de suas profundidades e não na agitação e no bulício de sua atividade exterior; na abstração de tudo que não seja Deus, as coisas de Deus. Para chegar a seu interior, você deverá afastar-se de muitas coisas em seu exterior; para colocar-se nesse fecundo silêncio, deverá fazer com que se calem muitas vozes, muitas conversas, muitos ruídos, muito bulício e agitação; Deus fala no silêncio; a Bíblia diz que Deus fala no deserto, não no deserto físico de ausência de população, mas sim no deserto do coração, esse coração que se encontra despojado de tudo. Pode ser que, por motivo de seus deveres de estado, você se ache imerso entre os ruídos exteriores; mas afirmo-lhe que mesmo entre esses ruídos seu coração deve estar em silêncio diante de Deus, e lhe afirmo também que, por mais que por sua vocação você deve estar imerso no bulício do mundo, é imprescindível que haja em sua vida momentos nos quais você se afaste de tudo e de todos e se dedique única e exclusivamente ao silêncio, ao recolhimento, à oração, à sua intimidade com Deus. Os santos pareciam tão entregues ao próximo, como se estivessem absorvidos pela presença de Deus neles. Santo Antônio Maria Claret, acompanhando o cortejo da rainha da Espanha no meio das multidões, não perdia o colóquio ininterrupto com Jesus sacramentado que levava no peito. Nas parias sentem-se ruídos, rumores, gritos: somente mar adentro é onde se goza do deslizar suave das ondas e do afastamento da azáfama do mundo; somente ali dentro do coração poder-se-á gozar das delícias suaves desse Deus que nos acompanha continuamente. E não pense que a espiritualidade leiga, própria dos leigos cristãos, exima você da interioridade de sua vida espiritual; sem essa interioridade você mal conseguirá libertar-se das influências de tudo que o rodeia” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 4 de setembro de 2024

(1Cor 3,1-9; Sl 32[33]; Lc 4,38-44) 22ª Semana do Tempo Comum.

“Com efeito, nós somos cooperadores de Deus, vós sois lavoura de Deus, construção de Deus” 1Cor 3,9.

“Paulo, embora começando pelos dons espirituais presentes em Corinto, declara a completa ignorância destes dons por parte dos Coríntios, devido às divisões e o protagonismo de alguns membros os quais, por dotes particulares, pretendem ter alguns direitos sobre a vida dos fiéis. Mas o ministro de Deus é só um instrumento nas mãos do Senhor, e contribui para o crescimento da Sua obra. Ao ministro, embora julgando-se servo inútil, é confiada a tarefa de colaborar com o Senhor. [Compreender a Palavra:] A distinção entre ‘pessoas naturais’ e ‘pessoas espirituais’ (v. 1) criou diversas incompreensões na História da Igreja, julgando-se ideal dividir os fiéis em classes, conforme o grau de compreensão da própria fé. Mas a intenção do Apóstolo Paulo não era criar mais divisões no interior da Igreja, já que declara que todos os Coríntios são ‘homens naturais’, precisamente porque procuravam separar-se uns dos outros distinguindo-se por privilégios ou pertenças especiais. É ‘espiritual’ quem possui o mesmo espírito de Cristo, que Se fez servo de todos, para que cada qual, desempenhando o seu trabalho, possa estar ao serviço do bem comum. Por isso as tarefas pessoais e os carismas individuais devem colocar-se ao serviço da comunhão, para que a comunidade cristã se torne polo de atração para todas as pessoas. Quem é ministro na Igreja para um determinado cargo que lhe foi confiado, sabe que não pode almejar mais do que ser colaborador de Deus e da alegria dos irmãos” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Semanas de XVIII-XXXIV] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 03 de setembro de 2024

(1Cor 2,10-16; Sl 144[145]; Lc 4,31-37) 22ª Semana do Tempo Comum.

“O espanto se apossou de todos, e eles comentavam entre si: ‘Que palavra é essa?

Ele manda nos espíritos impuros com autoridade e poder, e eles saem’” Lc 4,36.

“O empenho libertador de Jesus encontrou adversários ferrenhos, que agiam em sentido contrário. A possessão demoníaca era símbolo de um projeto incompatível com o de Jesus. Os demônios tinham-lhe aversão. Sua simples presença era suficiente para arruiná-los. O Mestre tornava-os incapazes de oprimir os seres humanos. Não lhes permitia exercer sua ação maligna sobre as pessoas. Antes, arranca-as de suas mãos, devolvendo-lhes a liberdade e a capacidade de decidir-se pela razão iluminada por Deus. A ação do mau espírito não se limita a determinados espaços, considerados profanos. Até mesmo numa assembleia litúrgica, como acontecia na sinagoga de Cafarnaum, encontra-se gente que não é movida pelo espírito de Deus. A simples presença física, num espaço tido como sagrado, não é suficiente para tornar a pessoa imune à ação do espírito inimigo de Jesus. O demônio lança seus tentáculos também aí. A única maneira de o discípulo do Reino manter-se imune das investidas do demônio consiste em tomar Jesus como centro da sua vida. Não mediante uma referência puramente teórica e abstrata, e sim, conformando-se com o projeto de vida do Mestre. Onde impera o amor e a prática da justiça – parâmetro da vida do discípulo –, não existe campo de ação para o mau espírito. – Senhor Jesus, que meu projeto de vida se conforme sempre mais com o teu, de modo que a ação do mau espírito não possa agir em mim” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano B] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

 

Segunda, 02 de setembro de 2024

(1Cor 2,1-5; Sl 118[119]; Lc 4,16-30) 22ª Semana do Tempo Comum.

“Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto

que saiam da sua boca” Lc 4,22a.

“Os ouvintes na sinagoga escutaram o comentário que Jesus fez do texto tomado do profeta Isaías, aplicando-o a si mesmo; escutaram a palavra de Deus, os ensinamentos de Jesus e todos ficaram cativados e entusiasmados. É a eficácia da palavra de Deus, quando cai em corações simples e dóceis; é a primeira condição, a primeira obrigação que temos em relação à palavra de Deus: escutá-la, abrir-lhe o coração, recebê-la, meditá-la e aprofundá-la. Porém de todas as maneiras, o Senhor Jesus chama ditosos e felizes, não aos que somente escutam e a cumprem. ‘Bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e observam!’ (Lucas 11,28). As pessoas simples, que escutavam Jesus, não se contentavam em escutá-lo, mas ‘davam testemunho’ (v. 22). Eis o que você deve fazer: deve dar testemunho de Jesus Cristo com suas obras, com sua vida; você deve ser testemunho vivo do Senhor; já que você agora é aquele que escuta a palavra do Senhor. Além de dar testemunho, as pessoas simples ‘escutavam admiradas das palavras cheias de graça que saiam de sua boca’. Não deixe você também de admirar-se e de regozijar-se no íntimo de seu coração do que lê que Jesus disse; as palavras do Senhor que agora você lê no evangelho são as mesmas palavras que alcançaram os ouvidos e o coração dos que escutaram o Senhor; como não reconhecer, pois, que essas palavras e essa doutrina estão ‘cheias de graça’ e que, portanto, comunicam a graça, aumentam a graça e movem a graça a transmitir-se!” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite