(Sb 2,23—3,9; Sl 33[34]; Lc 17,7-10) 32ª Semana do Tempo Comum.
“Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei:
‘Somos servos inúteis;
fizemos o que devíamos fazer’” Lc 17,10.
“A parábola do senhor e do servo
põe em xeque uma mentalidade muito em voga entre os fariseus do tempo de Jesus.
No trato com Deus, muitos deles eram movidos pela teoria da recompensa: tenho o
direito de ser recompensado por todo bem que faço. E julgavam poder exigir o
pagamento devido por suas virtudes e boas obras, como se estivessem em pé de
igualdade com Deus. Era preciso acautelar os discípulos contra este perigo. A
distância que separa o Pai do discípulo é infinita, embora haja entre eles
profunda relação. Nesta dinâmica de proximidade e distância, o discípulo se
reconhece servidor do Pai, mas com plena liberdade. E jamais se julga no
direito de exigir dele qualquer recompensa. Esta será tão somente fruto do amor
misericordioso do Pai. A constatação de sermos ‘servos inúteis’ não indica que
as ações humanas sejam desprovidas de valor diante de Deus, como se a pessoa,
por mais que se esforce, jamais consiga fazer algo que, de fato, agrade a Deus.
O sentido é bem outro e tem a ver com a humildade cristã. O discípulo faz o bem
e se esforça por ser justo e misericordioso, porque nisto deve consistir a sua
vida, e não porque agindo assim Deus irá recompensá-lo. Basta-lhe a consciência
de saber que age em conformidade com o querer divino. Tudo mais está entregue à
benevolência de Deus. – Pai, reconhecendo-me servo inútil, quero
esforçar-me para ser justo e misericordioso. Somente assim serei agradável a ti” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O
Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).
Pe. João Bosco Vieira Leite