(Cl 1,24—2,3; Sl 61[62]; Lc 6,6-11) 23ª Semana do Tempo Comum.
“Alegro-me de tudo o que já sofri por vós e procuro
completar na minha própria carne o que falta das tribulações de Cristo, em
solidariedade com o seu corpo, isto é, a Igreja” Cl 1,24.
“Todo mundo sofre. Sofre por si mesmo. É doença.
Pancada. Pobreza. Fome. Desilusão. Velhice. Decrepitude. Angústia pela vida a
se escoar em dias e anos. Mas há também um sofrer pelo outro. E esse tipo de
sofrimento se torna insuportável porque é ver uma tragédia sem nada poder fazer
para evita-la. É a mãe, por exemplo, que vê o filho se desmanchar nas drogas ou
na sua pura ausência de juízo. É o pai que vê o filho desperdiçar talento em
coisas de pouco ou nenhum valor. Por isso, não causa estranheza um homem como
Paulo, o Apóstolo, sofrer como as pessoas a quem havia pregado o Evangelho. De
fato, ele tinha inúmeros motivos para sofrer não só em decorrência de si
próprio como também em decorrência da situação em que se achavam seus filhos
espirituais. Embora fosse aparentemente mais fácil crer naqueles tempos, pois
as religiões pululavam, na verdade não era fácil porque a mensagem cristã
trazia componentes diferentes: rejeitava o politeísmo e, principalmente,
recusava o culto ao imperador. Além do mais, colocando o escravo no mesmo nível
do seu dono, solapava o modo de produção daquela época, todo ele baseado na
escravidão, a qual tinha como justificativa ideológica a opinião de ser o
escravo um ser inferior, um instrumento capaz de falar. Juntando isso a lembrança
pessoal de haver sido ele próprio um perseguidor da Igreja cristã, Paulo não só
podia imaginar a angústia dos seus paroquianos como ainda sofrer por eles numa
escala tão grande que seria como um sofrimento redentor. – Senhor
Jesus, faze-nos ter a solidariedade e compaixão do Apóstolo Paulo para de fato
nos importarmos com os sofrimentos dos nossos irmãos ao redor do mundo, que
estão sofrendo por causa da confissão de teu nome, a fim de realizarmos ações
concretas para ajuda-los. Amém” (Martinho
Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).
Pe.
João Bosco Vieira Leite