(Cl 1,9-14; Sl 97[98]; Lc 5,1-11) 22ª Semana do Tempo Comum.
“Com alegria dai graças o Pai, que vos tornou
capazes de participar da luz, que é a herança dos santos”
Cl 1,12.
“O ser humano, ao contrário do animal de carga, não
usa viseiras. Ele olha para os lados. Olha para trás, olha para a frente. E, às
vezes, olha tão para frente que deixa um hiato entre o lugar onde ele se acha
agora e a eternidade que lhe está assegurada. É como se o tempo a ser vivido
até a sua morte não tivesse valor nem utilidade. É como se esta vida aqui fosse
uma vida apenas de brincadeira. De fato, se tivéssemos de optar entre uma e
outra, com certeza optaríamos pela que há de vir. Deus, porém, não nos dá essa
opção: ou uma, ou outra. Ele nos dá as duas integralmente, simultaneamente. E
nesta que vivemos de forma perceptível temos coisas importantes a fazer – até
para abrir o caminho da eternidade aos que ainda não a conhecem. Desse modo, o
próprio Apóstolo Paulo reconhecia sua missão: evangelizar. Epafras, por sua
vez, tinha como tarefa criar a Igreja de Colossos e mantê-la. Os demais
membros, zelar pela Igreja. Isso no campo estritamente religioso. No campo
secular – também entendido pelo cristão como religioso – cada cristão exerce um
papel. A isso poderíamos chamar de vocação: é a mãe cuidando da casa, do marido
e dos filhos; é o homem trabalhando pelo sustento geral; é o professor educando
os jovens, é o agricultor produzindo alimentos; é o industrial oferecendo
produtos úteis etc. A lista não tem fim. O que importa é cada cristão, onde ele
se encontra, realizar obras úteis e perfeitas (ou próximas delas) em favor do
próximo e da sociedade como um todo. Para tanto, nosso Deus e Pai nos
habilitou. Como? Não vejo em mim nada excepcional. Mas isso não importa. Aquela
pequena capacidade, sequer notada pelos outros, pode ser o grande dom para o
necessitado. – Senhor Deus e Pai! Muitas vezes queremos servir, mas de
uma forma extraordinária, de modo a chamar a atenção das pessoas. Por não
termos dons tão marcantes, cruzamos os braços. Reconfigura a nossa fé para
reconhecermos que, para realizar a tua obra, é suficiente o amor que serve.
Amém” (Martinho Lutero Hoffmann
– Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).
Pe.
João Bosco Vieira Leite