(Is 7,1-9; Sl 47[48]; Mt 11,20-24)
15ª Semana do Tempo Comum.
“Jesus começou a
censurar as cidades onde fora realizada a maior parte de seus milagres,
porque não se tinham
convertido” Mt 11,20.
“Dois grupos de três
cidades: por um lado, três cidades da Palestina, Corozaim, Betsaida, Cafarnaum;
por outro lado, três cidades que não eram consideradas integrantes do povo de
Deus: Tiro, Sídon e Sodoma. Os ouvintes de Jesus conheciam muito bem tanto a
situação de umas quanto a das outras; sabiam que as segundas eram consideradas
historicamente más, tanto pelos costumes depravados, quanto pelo materialismo
devido à sua prosperidade econômica; ao passo que as três primeiras tinham sido
percorridas frequentemente pelo Mestre nazareno, pregando a boa nova, ensinando
a nova doutrina evangélica, curando doentes, ressuscitando mortos e perdoando
os pecadores. Esse era o quadro histórico no qual Jesus se firmou para explanar
sua censura. Com efeito, Jesus ‘começou a censurar as cidades... por terem
recusado arrepender-se’. A expressão ‘maldizer’ é forte; porém, a realidade é
grave: censurou, repreendeu, increpou os habitantes daquelas cidades, porque
não se tinham convertido, porque nessas cidades, à vista de seus moradores, o
Senhor tinha feito seus milagres tinha-lhes ensinado sua maravilhosa doutrina
e, no entanto, eles não tinham feito penitência, não se haviam convertido e não
tinham aceitado o reino de Deus, tema central da pregação do Mestre. O Senhor
toma como ponto de reflexão os habitantes das cidades que vivem no luxo, na
prosperidade material, nas excessivas comodidades, que os afastam do espírito
do evangelho, que é espírito de austeridade; o Senhor não recrimina o fato de
que se mora na cidade. Sempre dentro desta reflexão, não poderei permitir que o
fato de integrar uma sociedade ‘desenvolvida’ apague no meu espírito o desejo
de viver em conformidade com as exigências do evangelho e mesmo com as
obrigações testemunhais que a minha consagração ao Senhor impõe. Aquelas
pessoas não se converteram... e isso indignou o Senhor; mas o que levou o
Senhor a censurar-lhe a dureza de coração foi o fato de eles terem sido objeto
de sua missão apostólica e neles haver ressoado a palavra de Deus, testemunhada
até com milagres. Nós nos encontramos em circunstâncias idênticas, agravantes
de nossa falta de conversão verdadeira; fomos objetos da predileção do Senhor,
que nos distinguiu com a abundância de suas graças e quis que seu Espírito
descesse sobre nossa mente. Devemos examinar se verdadeiramente somos o que
parecemos e parecemos o que na realidade somos. Não aconteça que no dia do
Juízo sejamos tratados com maior rigor, graças à nossa maior
responsabilidade” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado
para cada dia do ano – Ave-Maria).
Pe. João Bosco Vieira Leite