(Jr 15,10.16-21; Sl 58[59]; Mt 13,44-46)
17ª Semana do Tempo Comum.
“O Reino dos céus é
como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantem escondido.
Cheio de alegria, ele
vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo” Mt 13,44.
“Temos aqui duas
parábolas que São Mateus nos oferece e que pretendem ilustrar uma mesma
verdade: o valor inestimável do Reino de Deus. Aquele que consegue descobrir
esse valor, renuncia com alegria a tudo o que possui para adquirir esse tesouro
e assim realiza muito bom negócio, o melhor negócio de toda sua vida. Aquele
que encontra o Reino dos céus, deve abandonar tudo para entrar nele. É preciso
desapegar-se de tudo o que é da terra, pois a posse de Deus é incompatível com
a desmedida ânsia pelos bens da terra. O próprio Senhor nos diz: ‘Não podeis
servir a Deus e as riquezas’ (Mateus 6,24). Quando Jesus nos pede que, para
possuir o tesouro de Deus, deixemos tudo, não pede a você, como o pede aos
religiosos, que você se despoje de tudo o que é terreno, visto que o próprio
Deus situou você no contexto temporal; o que lhe pede e exige é que você não
deixe que seu coração fique aprisionado pelas coisas terrenas e que elimine
dele tudo o que seja desordenado e excessivo. Porém, se para possuir a Deus,
você precisa despojar-se de tudo que não é você, você terá de desprender-se
acima de tudo e antes de mais nada de tudo o que é você: seus pensamentos, seus
afetos e preferências, suas inclinações e convivências, suas paixões, seus
instintos na medida em que tudo isso possa impedir no seu coração a posse de
Deus: se seu coração não está vazio de você mesmo, não poderá ser ocupado por
Deus. Aquele que encontra o Reino de Deus deve deixar tudo para entrar nele.
Quem tem fé no valor do Reino não se entregará ao repouso, nem evitará esforços
para conseguir a vida do Reino, mesmo que a custo de qualquer preço. Será isto
o que de mais contrário existe em relação ao conformismo com o status de vida
espiritual e com mediocridade de uma vida que paralisaria o Reino de Deus em si
e no mundo. O tesouro de que nos fala esta parábola é a posse de Deus, um
tesouro inestimável, comparado ao qual nada representam os bens da terra” (Alfonso
Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano –
Ave-Maria).
Pe. João Bosco Vieira Leite