Quarta, 27 de julho de 2022

(Jr 15,10.16-21; Sl 58[59]; Mt 13,44-46) 

17ª Semana do Tempo Comum.

“O Reino dos céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantem escondido.

Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo” Mt 13,44.

“Temos aqui duas parábolas que São Mateus nos oferece e que pretendem ilustrar uma mesma verdade: o valor inestimável do Reino de Deus. Aquele que consegue descobrir esse valor, renuncia com alegria a tudo o que possui para adquirir esse tesouro e assim realiza muito bom negócio, o melhor negócio de toda sua vida. Aquele que encontra o Reino dos céus, deve abandonar tudo para entrar nele. É preciso desapegar-se de tudo o que é da terra, pois a posse de Deus é incompatível com a desmedida ânsia pelos bens da terra. O próprio Senhor nos diz: ‘Não podeis servir a Deus e as riquezas’ (Mateus 6,24). Quando Jesus nos pede que, para possuir o tesouro de Deus, deixemos tudo, não pede a você, como o pede aos religiosos, que você se despoje de tudo o que é terreno, visto que o próprio Deus situou você no contexto temporal; o que lhe pede e exige é que você não deixe que seu coração fique aprisionado pelas coisas terrenas e que elimine dele tudo o que seja desordenado e excessivo. Porém, se para possuir a Deus, você precisa despojar-se de tudo que não é você, você terá de desprender-se acima de tudo e antes de mais nada de tudo o que é você: seus pensamentos, seus afetos e preferências, suas inclinações e convivências, suas paixões, seus instintos na medida em que tudo isso possa impedir no seu coração a posse de Deus: se seu coração não está vazio de você mesmo, não poderá ser ocupado por Deus. Aquele que encontra o Reino de Deus deve deixar tudo para entrar nele. Quem tem fé no valor do Reino não se entregará ao repouso, nem evitará esforços para conseguir a vida do Reino, mesmo que a custo de qualquer preço. Será isto o que de mais contrário existe em relação ao conformismo com o status de vida espiritual e com mediocridade de uma vida que paralisaria o Reino de Deus em si e no mundo. O tesouro de que nos fala esta parábola é a posse de Deus, um tesouro inestimável, comparado ao qual nada representam os bens da terra” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

  Pe. João Bosco Vieira Leite