Quarta, 20 de julho de 2022

(Jr 1,1.4-10; Sl 70[71]; Mt 13,1-9) 

16ª Semana do Tempo Comum.

“Outras sementes, porém, caíram em terra boa e produziram à base de cem,

de sessenta e de trinta frutos por semente” Mt 13,8.

“Nas parábolas ensina-se alguma verdade de ordem sobrenatural. Em toda parábola existe uma imagem material e um ensinamento espiritual, fundamentado em alguma semelhança que se encontra entre uma e outra. Frequentemente, alguns detalhes meramente descritivos, que se encontram na imagem ou relato, são elementos literários sem maior significação para o ensinamento fundamental que se pretende expor. Como o povo simples conhecia bem as tarefas do campo, Jesus empregava-as como comparações, para tornar mais facilmente inteligíveis as verdades espirituais. Nesta parábola do semeador, Jesus diz que parte da semente, lançada aos punhados sobre o campo, foi comida pelos pássaros.... Como Jesus esclarece que a semente é a palavra de Deus, devemos pensar que em alguns cristãos, em cujos corações cai a semente da palavra divina, não chega a soltar raízes, porque os pássaros das preocupações materiais não permitem ao cristão a tranquilidade suficiente para poder meditá-la. Outras sementes foram pisadas pelos caminhantes... Quando no coração humano existe muito ir e vir, por coisas que distraem, a palavra de Deus não encontra o ambiente que sua fecundação exige. A terra pedregosa impede que a semente possa deitar raízes fortes e termina por ser queimada pelo calor do sol. Os cardos e os espinhos, que na Palestina atingem a altura de cerca de um metro, afogam também a semente que cai próxima deles; a palavra de Deus fica afogada pelos cardos e espinhos das paixões humanas; é preciso ter a alma muito acima das tensões passionais, a fim de que possa ser fecunda e eficiente. Porém, a semente, que caiu em terra fértil e livre de empecilhos, deu fruto em maior ou menor abundância, conforme a preparação da terra. Ou seja, com estas palavras o Senhor pretende descrever a atitude e a disposição diferentes que se podem ter diante de sua doutrina, isto é, a diversidade dos efeitos da palavra de Deus, segundo as disposições diferentes com que é recebida. A sorte dos grãos de trigo que caem das mãos do semeador é muito diversa, conforme o lugar onde caírem; e a eficácia da palavra de Deus que cai em nossos corações dependerá de como seja aceita por nós. Por mais que a palavra de Deus ou a palavra dos irmãos chegue até nós carregada de sentido e de espiritualidade, se nós nos fecharmos com a couraça da suscetibilidade, do orgulho enervante, que nos faz descobrir tudo que é mau e negativo, e fechar os olhos a tudo que é bom e positivo, nada conseguirá em nós a própria palavra de Deus, embora seja o próprio Jesus quem no-la diga. É preciso preparar a terra, abrir nosso sulco, para que ele possa semear sua palavra e, portanto, é preciso apresentar um espírito sensível a essa palavra” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite