Sexta, 18 de fevereiro de 2022

(Tg 2,14-24.26; Sl 111[112]; Mc 8,34—9,1) 

6ª Semana do Tempo Comum.

“Pois quem quiser salvar a sua vida vai perde-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim

e do Evangelho vai salvá-la” Mc 8,35.

“Com esse paradoxo, Jesus nos coloca numa sinuca sem solução, pois é da nossa natureza querermos salvar a nossa vida. Aliás, é até por esse motivo que nos tornamos cristãos. Não é, por exemplo, o que sempre ouvimos: ‘Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo’, ‘Quem crer e for batizado, será salvo’, ‘Deus amou tanto o mundo... para que todo aquele que crer nele, não pereça,  mas tenha vida eterna’? A questão real, certamente, não está no chamado de Jesus para salvação, mas na forma como essa se dá. O salvar a vida, salvar a pele, significa muitas vezes lutar apenas por interesses egoístas, interesses que para o cristão que vive pela fé, em comunhão com Deus, não deveriam mais existir. A prática, no entanto, em especial a nossa própria, nos mostra cristãos preocupados unicamente com sua vida, com seus interesses pessoais, que não se abrem para o próximo em amor e doação e que, fazendo o bem, só o fazem se tiverem garantido para si algum tipo de retorno. Essa, infelizmente, é a fotografia estampada em muitas de nossas carteiras de identidade (anti) cristã. A verdadeira fé em Cristo, ao contrário dessas, exibe a foto que o apóstolo Paulo estampava na sua carteira: ‘Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim’ (Gl 2,18-19). Essa carteira de identidade vem a ser também a de trabalho feito, mas não lembrado, registrado sim, mas apenas pelo nosso empregador (Mt 25,44-45). Como chegar a esse estágio? Por nossos próprios esforços, jamais. Quem o pode fazer é só o próprio Cristo e ele o faz à medida que nos certifica do seu amor e nos transforma através desse mesmo amor. – Senhor Jesus, livra-me do egoísmo, pelo qual sempre quero salvar a minha vida não me preocupando em absoluto com as dos outros. Para tanto, enche-me com teu amor transformador. Amém (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite