(Tg 2,14-24.26; Sl 111[112]; Mc 8,34—9,1)
6ª Semana do Tempo Comum.
“Pois quem quiser
salvar a sua vida vai perde-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim
e do Evangelho vai
salvá-la” Mc 8,35.
“Com esse paradoxo,
Jesus nos coloca numa sinuca sem solução, pois é da nossa natureza querermos
salvar a nossa vida. Aliás, é até por esse motivo que nos tornamos cristãos.
Não é, por exemplo, o que sempre ouvimos: ‘Crê no Senhor Jesus Cristo e serás
salvo’, ‘Quem crer e for batizado, será salvo’, ‘Deus amou tanto o mundo...
para que todo aquele que crer nele, não pereça, mas tenha vida eterna’? A
questão real, certamente, não está no chamado de Jesus para salvação, mas na
forma como essa se dá. O salvar a vida, salvar a pele, significa muitas vezes
lutar apenas por interesses egoístas, interesses que para o cristão que vive
pela fé, em comunhão com Deus, não deveriam mais existir. A prática, no
entanto, em especial a nossa própria, nos mostra cristãos preocupados
unicamente com sua vida, com seus interesses pessoais, que não se abrem para o
próximo em amor e doação e que, fazendo o bem, só o fazem se tiverem garantido
para si algum tipo de retorno. Essa, infelizmente, é a fotografia estampada em
muitas de nossas carteiras de identidade (anti) cristã. A verdadeira fé em
Cristo, ao contrário dessas, exibe a foto que o apóstolo Paulo estampava na sua
carteira: ‘Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo
que vive em mim’ (Gl 2,18-19). Essa carteira de identidade vem a ser também a
de trabalho feito, mas não lembrado, registrado sim, mas apenas pelo nosso empregador
(Mt 25,44-45). Como chegar a esse estágio? Por nossos próprios esforços,
jamais. Quem o pode fazer é só o próprio Cristo e ele o faz à medida que nos
certifica do seu amor e nos transforma através desse mesmo amor. – Senhor
Jesus, livra-me do egoísmo, pelo qual sempre quero salvar a minha vida não me
preocupando em absoluto com as dos outros. Para tanto, enche-me com teu amor
transformador. Amém” (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann
– Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite