Quinta, 10 de fevereiro de 2022

(1Rs 11,4-13; Sl 105[106]; Mc 7,24-30) 

5ª Semana do Tempo Comum.

“Então Jesus disse: ‘Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu da tua filha’” Mc 7,29.

“A narração simples deste evangelho, que nos descreve a cura da filha de uma mulher pagã, demonstra-nos as atitudes dignas de consideração e que o Evangelista quer pôr em destaque. O sinal milagroso da cura situa-se num lugar fora do território palestinense, como diz Marcos: ‘foi para a terra de Tiro’ (v.24), que fica ao norte da Palestina, além dos limites da Galileia, com o qual se valoriza a universalidade do oferecimento da salvação. É verdade que Jesus veio para proclamar a salvação primeiro aos filhos de Israel; mas essa preferência não quer significar exclusividade, e por isso não só os discípulos do Senhor logo se dispersaram por todo o mundo para evangeliza-lo, mas que nessa e em alguma outra ocasião o próprio Senhor Jesus pregou a boa nova fora dos limites palestinense. A segunda atitude digna de levar-se em consideração, neste relato, é a condição básica para seguir Jesus: a fé nele, o reconhecimento de seu poder. Por sua muita fé no poder e na bondade de Jesus, aquela mulher pagã mereceu ouvir a resposta de Jesus: ‘Por causa desta palavra, vai-te, que saiu o demônio de tua filha’ (v. 29). É digno de colocar em evidência o modo como faz a prece esta mulher tiro-fenícia; ela não pertencia ao povo de Israel; não sabia, pois, nem conhecia quem era Jesus, nem o que os profetas tinham anunciado a respeito dele; ela nunca havia ouvido falar do Reino de Deus, nem da promessa da salvação. Porém dirige-se ao Senhor e entabula com ele aquele diálogo oracional que, finalmente, conseguirá o que pede, por tê-lo pedido com tão boas disposições. A oração dessa mulher Cananéia reúne todas as condições de toda a oração perfeita. Por isso, consegue a cura da filha, uma vez que a oração bem-feita consegue sempre a graça de Deus. É a oração cheia de fé: a fé que não enfraquece diante das dificuldades que encontra. Insiste, tem fé no poder de Jesus para salvar todos os homens. É oração acompanhada de uma humildade profundíssima; contenta-se com as migalhas que caem da mesa, reconhece-se pecadora e compreende que não tem direito a que o Senhor a ouça. É oração confiante; confiou plenamente na misericórdia de Jesus que não a deixará ir-se embora com as mãos vazias. É oração perseverante; não se cansa de pedir, acompanha Jesus Cristo, insiste apesar de, pelo que parece, não restar já nenhuma esperança. É oração nascida da lama; é sua filha que está atormentada pelo demônio, e seu coração de mãe sofre com o mal da filha como se fosse seu próprio mal; por isso suplica a Jesus: - Tem piedade de mim. – Vivência: É preciso que se examine se você ora suficientemente ou se, ao invés, sua oração se reduz à recitação, mais ou menos mecânica, de algumas fórmulas que, por mais excelentes que sejam, não chegam a expressar tudo o que em um outro momento de sua vida você sente e necessita. Sua oração não deve ser exclusivamente oração de petição; você deve também orar com oração de louvor, com oração de ação de graças e com oração de entrega, pondo-se à disposição para que em você sempre e em tudo cumpra-se a vontade, o plano do Pai celestial” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave- Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite