(1Rs 11,4-13; Sl 105[106]; Mc 7,24-30)
5ª Semana do Tempo Comum.
“Então Jesus disse:
‘Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu da
tua filha’” Mc 7,29.
“A narração simples
deste evangelho, que nos descreve a cura da filha de uma mulher pagã,
demonstra-nos as atitudes dignas de consideração e que o Evangelista quer pôr
em destaque. O sinal milagroso da cura situa-se num lugar fora do território
palestinense, como diz Marcos: ‘foi para a terra de Tiro’ (v.24), que fica ao
norte da Palestina, além dos limites da Galileia, com o qual se valoriza a
universalidade do oferecimento da salvação. É verdade que Jesus veio para
proclamar a salvação primeiro aos filhos de Israel; mas essa preferência não
quer significar exclusividade, e por isso não só os discípulos do Senhor logo
se dispersaram por todo o mundo para evangeliza-lo, mas que nessa e em alguma
outra ocasião o próprio Senhor Jesus pregou a boa nova fora dos limites
palestinense. A segunda atitude digna de levar-se em consideração, neste
relato, é a condição básica para seguir Jesus: a fé nele, o reconhecimento de
seu poder. Por sua muita fé no poder e na bondade de Jesus, aquela mulher pagã
mereceu ouvir a resposta de Jesus: ‘Por causa desta palavra, vai-te, que saiu o
demônio de tua filha’ (v. 29). É digno de colocar em evidência o modo como faz
a prece esta mulher tiro-fenícia; ela não pertencia ao povo de Israel; não
sabia, pois, nem conhecia quem era Jesus, nem o que os profetas tinham
anunciado a respeito dele; ela nunca havia ouvido falar do Reino de Deus, nem
da promessa da salvação. Porém dirige-se ao Senhor e entabula com ele aquele
diálogo oracional que, finalmente, conseguirá o que pede, por tê-lo pedido com
tão boas disposições. A oração dessa mulher Cananéia reúne todas as condições
de toda a oração perfeita. Por isso, consegue a cura da filha, uma vez que a
oração bem-feita consegue sempre a graça de Deus. É a oração cheia de fé: a fé
que não enfraquece diante das dificuldades que encontra. Insiste, tem fé no
poder de Jesus para salvar todos os homens. É oração acompanhada de uma
humildade profundíssima; contenta-se com as migalhas que caem da mesa,
reconhece-se pecadora e compreende que não tem direito a que o Senhor a ouça. É
oração confiante; confiou plenamente na misericórdia de Jesus que não a deixará
ir-se embora com as mãos vazias. É oração perseverante; não se cansa de pedir,
acompanha Jesus Cristo, insiste apesar de, pelo que parece, não restar já
nenhuma esperança. É oração nascida da lama; é sua filha que está atormentada
pelo demônio, e seu coração de mãe sofre com o mal da filha como se fosse seu
próprio mal; por isso suplica a Jesus: - Tem piedade de mim. – Vivência: É
preciso que se examine se você ora suficientemente ou se, ao invés, sua oração
se reduz à recitação, mais ou menos mecânica, de algumas fórmulas que, por mais
excelentes que sejam, não chegam a expressar tudo o que em um outro momento de
sua vida você sente e necessita. Sua oração não deve ser exclusivamente oração
de petição; você deve também orar com oração de louvor, com oração de ação de
graças e com oração de entrega, pondo-se à disposição para que em você sempre e
em tudo cumpra-se a vontade, o plano do Pai celestial” (Alfonso
Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-
Maria).
Pe. João Bosco Vieira Leite